Pesquisa científica em segundo plano

As políticas públicas para o financiamento e incentivo à pesquisa científica no Paraná e Brasil foram tema de um seminário realizado, ontem, em Curitiba. A opinião unânime dos participantes é de que faltam recursos para o setor, além de oportunidades para os pesquisadores. Os salários defasados das universidades públicas acabam provocando o êxodo de profissionais qualificados para instituições particulares ou iniciativa privada.

No Paraná, os recursos para a ciência e tecnologia são oriundos do Fundo Paraná de Tecnologia, que destina 1% da arrecadação do estado para o setor. Deste 1%, 30% vão para projetos da Fundação Araucária, 20% para o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e 50% ficam para projetos estratégicos do governo. Na opinião do professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e secretário regional do Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Marcos César Danhoni Neves, deveriam existir mais recursos da Fundação Araucária para ampliar as pesquisas, além de bolsas fixas para a pós-graduação.

Maria: ?Sem muitas opções?.

O professor comentou que nos últimos quatro anos as universidades sofreram com a falta de recursos, inclusive da melhoria salarial, o que tem feito muitos professores pós-graduados deixarem as instituições. ?Só o curso de Informática da UEM perdeu, em um ano e meio, seis dos doze doutores, o que quase inviabilizou a pós-graduação?, revelou. Outra dificuldade citada por Neves é um decreto da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) que limita a saída de professores para estudos ou congressos no exterior.

Nivaldo: ?Busca por parcerias?.

As mesmas dificuldades acontecem em nível federal, afirmou a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Maria Suely Soares. Os recursos existentes acabam sendo canalizados para poucos profissionais, que geralmente estão centralizados em regiões como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. ?Isso gera uma concentração de profissionais em alguns estados, porém não existe mercado para todos?, falou. Maria Suely diz que o governo tem apostado na expansão das universidades públicas, mas não contrata professores tampouco oferece salários atrativos, o que faz com que eles migrem para universidades particulares ou vão para a iniciativa privada.

O coordenador geral da Unidade Gestora do Fundo Paraná, da Seti, Nivaldo Rizzi, admite que os recursos no estado são menores que a demanda, mas segundo ele, ?se tem buscado parcerias com o governo federal para equilibrar isso?. Neste ano, o fundo disponibilizou R$ 73 milhões, dos quais, R$ 20 milhões foram para Fundação Araucária. Rizzi contesta que os profissionais qualificados estariam buscando outras alternativas, pois nas universidades públicas eles recebem pela dedicação exclusiva, o que não ocorre nas particulares, que remunera pela hora/aula. ?Acho que a saída é mais por opção pessoal do que por salários?, finalizou. 

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