Um estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica em todo o País, e que inclui sete rios, córregos e lagos do Paraná, concluiu que quatro deles estão com níveis de qualidade considerados “aceitáveis” e os outros cinco, “ruins”.
Em todo o País, foram analisados 40 rios em 45 cidades, sendo que nenhum deles foi considerado de qualidade “aceitável”. Os níveis de pontuação utilizados foram “péssimo” (de 14 a 20 pontos); “ruim” (de 21 a 26 pontos); “aceitável” (de 27 a 35 pontos); “bom” (de 36 a 40) e “ótimo” (acima de 40 pontos). Nenhum deles, em todo o Brasil, foi considerado bom ou ótimo.
Os rios analisados no Paraná foram o Quero Quero, em Curitiba (ruim); M’Boici, em Foz do Iguaçu, no oeste (ruim); Lago do Parque, em Guarapuava, região central (aceitável); córrego Bom Retiro, em Londrina, no norte (ruim); Rio Itiberê, em Paranaguá, no litoral (aceitável); Arroio Olarias, em Ponta Grossa, também no centro (aceitável) e o Rio Tibagi, em Telêmaco Borba, na região central (ruim).
A pesquisa da Fundação foi realizada em um ano em locais onde a Mata Atlântica está presente. Os parâmetros utilizados foram desde odor, lixo, larvas e vermes, até coliformes, oxigênio e nitrato e fosfato (estes dois últimos referentes a agrotóxicos).
“O problema mais grave é a falta de saneamento básico, o esgoto doméstico que vai para o rio”, afirmou a coordenadora do Programa Rede das Águas da ong, Malu Ribeiro.
Ela lembra que o problema remete às doenças que o rio contaminado transmite, o que traz consequências diretas na saúde pública. “Em muitos locais as pessoas nadam e até consomem a água, e acabam ficando doentes e parando nos hospitais”, comenta.
Em todo o país, 65% dos rios ficaram dentro do nível aceitável; 30% no nível ruim, e 5%, no péssimo. As análises que tiveram o melhor resultado foram a da Represa Faxinal, em Caxias do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, e a do Rio Doce, em Linhares, no Espírito Santo, ambas com 34 pontos (nível aceitável).
As análises com resultado pior foram Riacho Passo dos Índios, em Chapecó, Santa Catarina (com 20,5 pontos), e o Lago do Quintana da Boa Vista, no Rio de Janeiro, com 19 pontos.
“Imaginávamos que teríamos melhores resultados, pelo menos em cidades pequenas, mas não foi o que ocorreu. Mesmo dentro de parques o resultado não foi bom”, avaliou Malu.
O estudo da SOS Mata Atlântica tem como objetivo fazer um alerta sobre as condições das águas em todo o País. “As pessoas não se dão conta que, para a manutenção da qualidade de vida é preciso preservar a floresta, que impacta no clima, e os rios, que estão comprometidos em quantidade e qualidade. De nada adianta termos o maior volume de água doce se a qualidade não é boa, se os rios trazem riscos para a saúde pública”, critica Malu. O estudo da Fundação inclui a observação da própria sociedade, que encaminha dados sobre os rios.