Pesquisa acelera diagnóstico de câncer de mama

Uma descoberta de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) traz mais esperança a pacientes com diagnóstico de câncer de mama. Eles comprovaram que, depois da retirada do tumor, dois genes que sofrem modificações químicas podem indicar a presença de metástases que ainda não apareceriam em exames e não gerariam sintomas.

A metástase é a migração das células cancerígenas para outra parte do corpo, gerando outro tumor, e é imprescindível seu diagnóstico precoce para um tratamento com sucesso. Geralmente ela só é diagnosticada depois que gera sintomas, e nesses casos já se tornou tão grande que leva 90% dos pacientes à morte.

O trabalho teve início com uma tese de mestrado de Edneia Ramos, e foi publicado na revista britânica BMC Câncer. Nesta semana, a equipe da revista contatou a professora Giseli Klassen, coordenadora do trabalho, para informar que a tese foi acessada 1.199 vezes.

“O alto número de acessos mostra a importância do trabalho diante da comunidade científica estrangeira e dá mais visibilidade às nossas pesquisas”, comemora a professora.

Pesquisa

Os pesquisadores do Laboratório de Epigenética da UFPR extraíram o DNA de 69 tumores que foram removidos de pacientes diagnosticados com câncer de mama no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, e analisaram linhagens do banco de células do Instituto Ludwig, com o objetivo de procurar novos marcadores moleculares.

Dos 69 tumores, 17 eram de pacientes que morreram e em 15 dos casos que chegaram à morte dois genes foram “silenciados” por fatores epigenéticos que causam modificação química.

Os pesquisadores descobriram que, quando os genes eram silenciados na mesma paciente, existia uma metástase, mais comum no pulmão, fígado e ossos, que ainda não aparecia em exames e não gerava sintomas.

“As 15 pacientes morreram 2 ou 3 anos depois da retirada do tumor por que tinham metástases e não sabiam, por que ainda estavam em um estágio pequeno e não levantavam a suspeita dos médicos. Se tivessem esse diagnóstico, poderiam ter realizado um tratamento”, conta a coordenadora.

O próximo passo da pesquisa será investigar novos tumores e descobrir um diagnóstico das metástases ainda mais precoce, já que no sangue é possível encontrar uma marcação química do desligamento dos genes. “Esperamos que isso venha a ser utilizado pelos médicos para fazer com que o diagnóstico seja cada vez mais precoce e não invasivo”, ressalta.

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