O que fazer quando a vara favorita quebra? Ou quando aquela isca artificial que custa algumas dezenas de dólares ficou avariada na última pescaria? Como normalmente o equipamento é caro, ou mais do que isso, é de estimação (pescador tem mania de se afeiçoar aos objetos de seu lazer), tem gente que se descabela só em pensar em perder aquela ?pegadora? que o acompanha há anos ou abrir mão do molinete que permitiu que capturasse o maior ?troféu? de sua história. Para socorrer este pessoal, na edição de hoje, em sua ?Conversa de Pescador? a Tribuna vai contar a história de um pescador que se aprimorou no conserto e recuperação de varas, molinetes, iscas artificiais e afins e montou uma loja de assistência técnica de material de pesca. Conhecido até no exterior, pela habilidade que tem em recuperar estes ?mimos?, o ?milagreiro das varas?, como é chamado, desenvolve um trabalho artesanal, semelhante ao de um joalheiro, que exige tempo, paciência e muito boa vontade.
Boa leitura!
Paciência é o segredo do ?milagre?
Além de contar piadas, gostar de preparar churrascadas e trabalhar no setor administrativo de uma empresa exportadora, João Guinaldo Breda, 60 anos, é o que se pode chamar de ?homem multimídia da pesca?, ou seja, faz de tudo um pouco: de árbitro a pescador. Começou criança. Com 8 anos ia sentado no tanque da moto do pai pescar lambari no Rio Iguaçu. Montava o próprio caniço, porque não tinha dinheiro para comprar um. E, naquela época, o ?top? de linha era o caniço com três emendas, que só gente abonada é que podia ter.
Com o passar dos anos, tornou-se sócio em uma marcenaria e nos 32 anos de trabalho com madeira desenvolveu muitas habilidades manuais. Ainda um apaixonado pela pesca, montou um clube de pesca, em 1988 (o Vêneto), e sempre que precisava tratava de consertar o próprio equipamento. Os amigos foram descobrindo e começaram a pedir reparos também. A fama foi de espalhando, até que Breda se viu obrigado a montar uma oficina para conserto de material de pesca (fica na Via Vêneto, 1.590, loja 5, em Santa Felicidade). Lá, ele faz os verdadeiros milagres que tanto agradam aos seus amigos. Recupera o material de estimação e até monta minúsculas peças (às vezes de prata ou de material acrílico usado em próteses dentárias) que não existem no mercado, para fazer voltar a funcionar um molinete ou uma carretilha.
?Tudo isso requer muita paciência, mas dá grande alegria?, garante Breda, que ganhou fama de ?milagreiro? para recuperar equipamentos e o slogan: ?Se o Breda não conserta, desista, ninguém conserta?.
Entre uma risada e outra, ele gosta de contar das atividades de juiz de pesca de praia, coisa que, como os juízes de outras modalidades esportivas, também lhe rende alguns dissabores. ?A gente trabalha muito, ganha pouco e ainda tem pescador que sai xingando?, diz. Fora isso, exibe nas paredes da loja as fotos de troféus e medalhas que ganhou ao longo dos campeonatos de que participou, e, é claro, as fotos dos peixões que já pegou. Sua alegria é ir atrás de tucunarés, nas represas do interior do País, mas o maior peixe que pegou (pelo menos ele conta isso) foi um dourado de 6 quilos, no Mato Grosso. Acontece que, ao posar para a foto que pretendia deixar para a posteridade, o amigo não soube enquadrar Breda e o peixão. O resultado é que apareceu no retrato um pedacinho do peixe, outro pedacinho do pescador e um imenso céu de brigadeiro ao fundo. Acredita que ele conseguiu pegar tal peixe só quem quiser! (MC)
Dicas do Moluscówski
Marés e iscas
A melhor maré é a de enchente, desde que não haja correnteza em excesso; As melhores praias para a pesca são as que têm o canal ou alagamar mais próximo da areia; As melhores iscas para pesca de praia são as encontradas no próprio local.
*No próximo domingo, a Tribuna vai revelar sobre a pesca do peixe-espada em Guaratuba e a história de um sul-mato-grossense que em 17 dias de férias pegou mais de uma tonelada de peixes.