Dois pescadores foram presos em flagrante na noite de terça-feira pela Polícia Florestal na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba com 40 dúzias de caranguejo e 25 dúzias de ostras. Eles foram encaminhados para a Polícia Federal em Paranaguá e autuados em flagrante no artigo 34 da Lei 9.605/98, que relata os crimes ambientais. Jessé de Oliveira Pinto, de 20 anos, e Nizoel Pinto, de 37, foram liberados depois de pagamento de fiança e vão responder criminalmente.
Segundo a Polícia Florestal, os pescadores cometeram dois crimes. Os caranguejos não podiam ser capturados porque o defeso (período de reprodução da espécie em que a atividade fica proibida) ainda está em vigor. Eles também erraram ao desobedecer a portaria editada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que suspende a pesca e a retirada de outros organismos aquáticos. Os pescadores receberam multa de R$ 1.750,00 e tiveram a embarcação apreendida.
Os técnicos do Ibama e do Instituto Ecoplan avaliaram os caranguejos e as ostras. Como não tinham sinal de óleo e estavam preservados, foram devolvidos à natureza.
Os pescadores alegaram que as suas famílias estão passando fome e que vão continuar pescando, mesmo com as proibições e o flagrante. A Polícia Florestal informou ainda que o pescado iria ser vendido em uma peixaria de Curitiba.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente, por meio da assessoria de imprensa, disse que mais testes sobre a balneabilidade (qualidade da água) estão sendo realizados. O órgão deve apontar os resultados na próxima sexta-feira. Dependendo da avaliação, o período do defeso do caranguejo será estendido.
Mero
Um peixe mero, com 70 quilos e 1,67 metro, foi encontrado morto na região da Ilha Rasa, em Guaraqueçaba, na tarde de ontem. O peixe, que está na lista dos animais ameaçados de extinção, foi levado para a sede do Ibama em Paranaguá, onde os pesquisadores irão investigar se ele morreu contaminado ou não pelo óleo que se espalhou pela baía.
Equipes da Vigilância Sanitária de Paranaguá estão percorrendo as ilhas do litoral do Paraná para orientar as pessoas sobre os perigos do consumo de peixe contaminado. A Defesa Civil informou que 2.975 cestas básicas com alimentos, materiais e limpeza e higiene foram adquiridas e começam a ser distribuídas, no próximo sábado, para as famílias mais afetadas.
Manchas já foram recolhidas
As manchas de óleo que apareceram na última terça-feira em torno do navio Vicuña já foram recolhidas da água, segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O chefe do órgão em Paranaguá, Sebastião Carvalho, conta que a situação está controlada. Durante todo o dia, por ar, terra e mar, o quadro é avaliado pelos técnicos ambientais. Quando surge alguma falha, a informação é imediatamente repassada às empresas responsáveis pela limpeza e contenção das concentrações de óleo.
Para ele, os trabalhos que estão sendo realizados nas baías de Paranaguá, Antonina e Guaraqueçaba podem ser considerados satisfatórios. "Sempre orientamos as pessoas que trabalham nessas áreas para não deixarem sacos com resíduos na beira da praia, para a maré não levar de novo. Acompanhamos também as barreiras de contenção. Quando ficam saturadas, avisamos para os responsáveis fazerem as trocas. Depois de saturar, não adianta ficar com o óleo. Isso só prejudica, pois o óleo começa a se espalhar novamente", comenta Carvalho. "Ainda existe muito óleo nas pedras e nos manguezais. O material está sendo recolhido lentamente. O trabalho vai demorar um pouco e ainda não podemos fazer previsões quanto à data", completa. (JC)