Perícia apontará causa de tragédia em Londrina

Somente uma perícia vai poder apontar quais foram as causas da queda da marquise na entrada do anfiteatro do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A falha na manutenção e o acúmulo de água foram apontados como algumas hipóteses para o incidente. A laje desabou no final da tarde de domingo, matando um estudante e deixando outros 18 feridos. Eles estavam entre os cerca de quatro mil participantes do XXVI Congresso Brasileiro de Zoologia que está acontecendo na UEL.

O presidente de Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina, Nelson Brandão, disse que a entidade, assim como o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), irá solicitar os projetos referentes a obra para se levantar as causas do incidente. Ele apontou que, apesar de ser prematuro, não descartam algumas hipóteses, como o peso excessivo no local, ou acúmulo de água que poderia ter provocado infiltração na laje. "Se não houve manutenção, o acúmulo da água pode ser responsável por um colapso na obra", disse.

O inspetor da parte de engenharia civil do Crea em Londrina, Júlio Cotrim, afirmou que uma comissão da entidade esteve no local para elaborar um relatório. Ele confirmou que a universidade foi notificada a apresentar os projetos arquitetônico, estrutural, hidráulico e elétrico do prédio. Com esses documentos também será possível identificar o profissional que assinou o projeto e execução da obra. "Se com base na perícia técnica ficar provado que houve falha, o profissional poderá sofrer sanções", falou – que inclui advertência até cassação do registro. Cotrim ressaltou que antes desses levantamentos é impossível supor o que provocou a queda.

A mesma opinião tem o perito-chefe-adjunto do Instituto de Criminalística de Londrina, Luís Noboro Marukawa. Ele também solicitou à UEL os projetos da obra. Além disso, irá enviar amostras dos destroços para laboratórios para verificar a resistência do material empregado na obra. "Existem suspeitas, mas não vamos divulgar enquanto não tivermos com os exames de laboratório em mãos", falou. A reitora da UEL, Lygia Pupatto, confirmou que a universidade instaurou uma sindicância, que tem 15 dias para determinar as causas do acidente. O prédio havia sido construído há sete anos e era a ala mais nova da UEL.

Luto

O aluno da Universidade de São Paulo (USP), de Ribeirão Preto, João César Eugênio de Boscoli Rios, que morreu no local, teve o corpo levado ontem para Belo Horizonte em um avião do governo estadual. Dos feridos, 11 já deixaram o hospital. Entre eles, estão três dos seis estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que saíram de Curitiba no domingo.

A mestranda em Ecologia e Conservação, Patrícia Duarte Lagos, de 23 anos – que deve retornar hoje à Curitiba -, disse que teve muita sorte, pois ficou em um vão que se formou com a queda da marquise. "Nós tínhamos acabado de chegar quando a marquise caiu. Não deu tempo para nada, e eu fiquei em uma espécie de V ao contrário que se formou entre os escombros", lembra. Patrícia teve a cabeça atingida por um pedaço de concreto e sofreu escoriações nas costas e braços. Ela passou a noite no hospital em observação.

Quem também deve chegar hoje a Curitiba é a estudante do curso de Biologia, Manoela Woitovicz Cardoso, de 20 anos. Ela contou que foi a Londrina junto com estudantes que saíram da capital em dois ônibus fretados para o congresso. "Foi um susto muito grande. Eu sofri um corte na cabeça, perdi muito sangue, mas fiquei consciente enquanto eles atendiam as pessoas que estavam mais graves", falou.

Segundo informações da assessoria de imprensa da UEL, até o final da tarde de ontem, continuavam internados nos hospitais da cidade: Alberto Henrique de Carvalho (Curitiba), Carla Poleseli Bruneira (Ribeirão Preto), Claire Clara Borges Jézequel (Ribeirão Preto), Amanda Lucas Gimeno (Ribeirão Preto), Carolina Rettondini Laurini (Araraquara), Edson Santana da Silva (funcionário da UEL), João Paulo Basso Alves (Bandeiras do Sul), Leandro de Oliveira Drummont (Belo Horizonte), Nicole Veiga Sydnei (Curitiba) e Manoela Walkowiski Cardoso (Curitiba). Entre eles, três estão em estado grave com situações como fratura de crânio, amputação de perna e politraumatismo. 

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