Perda de memória não é doença, diz especialista

Quase todo mundo já passou aperto por alguma falha na memória: é o nome de alguém que não se consegue lembrar; a resposta do conteúdo que estudamos para prova, mas na “hora H” não vem à cabeça; ou algo que tínhamos que comprar no mercado e esquecemos. Mas quando esses lapsos de memória deixam de ser normais e tornam-se problema? Como prevenir que isso aconteça? A neuropsicóloga do Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), Samanta Rocha, explica que a perda de memória não é doença, mas problema decorrente de outros males ou hábitos de vida não saudáveis. Segundo ela, mais de 5% das pessoas com mais de 65 anos vão sofrer algum tipo de demência ou outro tipo de doença que causem danos à memória; quase metade dessas pessoas desenvolve Mal de Alzheimer.

Jovens e adultos também podem sofrer com esquecimentos decorrentes de uma série de fatores. “Hábitos de vida, nível de estresse, distúrbios do sono, problemas endocrinológicos, uso de medicação e entorpecentes como maconha e ecstasy podem promover distúrbios graves de memória”, exemplifica a neuropsicóloga.

Fatores

Para saber quando as falhas de memória deixam de ser normais, deve-se prestar atenção em alguns fatores. “Quando acontece de forma persistente, por mais de duas semanas, um mês; se começa a ter repercussão funcional, afetando a relação familiar, a produtividade no trabalho, nos estudos; e quando a pessoa percebe que tenta fixar alguma informação e não fica”, afirma Samanta. Nesses casos é preciso procurar o médico para que sejam avaliados os fatores que estariam afetando a memória.

As dicas da profissional

Manter a mente ativa é a dica de Samanta Rocha para evitar as falhas de memória. “Vale desde a famosa palavra-cruzada até assistir programas de televisão ou ler um livro – tentando fixar o conteúdo – e depois relatar para alguém; jogos de tabuleiro, de memória”, sugere. “O importante é não deixar a cabeça ociosa; engajar-se em algo nem que seja um hobbie”, complementa. A neuropsicóloga alerta ainda para a importância de uma noite bem dormida. “Durante o sono mais profundo acontece a consolidação das memórias adquiridas durante o dia. Se não tiver a noite bem dormida essa etapa é prejudicada e ainda no dia seguinte a pessoa está cansada, desatenta e com sonolência”.

O brasileiro é famoso por ter memória política bem curta. Poucos meses após as eleições, muita gente não lembra em quem votou. Figuras políticas protagonistas de grandes escândalos de corrupção poucos meses depois voltam a cargos do governo, escolhidos pelo povo. De acordo com Samanta, a resposta para esse problema é muito mais social do que questão neurológica. “Há desinteresse pelo descrédito que o processo político sofre”, ressalta. Outro fator que motiva o esquecimento pós-eleitoral, segundo ela, é o grande número de candidatos. “A pessoa vai lembrar dos mais votados, dos que já têm uma história. Os outros que são mais meteóricos se torna um pouco mais difícil”, afirma.

O Instituto de Neurologia promoveu ação orientativa na Praça da Espanha no sábado.

Reprodução
Noite bem dormida é importante pra saúde mental.
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