Pequeno Príncipe tem seu exemplo disseminado

O Programa Família Participativa, que conseguiu reduzir em 60,8% o tempo de internação de crianças no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, será disseminado para o resto do País. A Fundação Abrinq Pelos Direitos da Criança e do Adolescente firmou uma parceria ontem com o hospital e vai divulgar o trabalho e assessorar a implantação do programa em outros hospitais.

O Família Participativa foi implanto em 1991. Na época, a média de duração nas internações era de 12 dias e hoje o índice caiu para 4,7 dias. Tudo isso graças à presença e carinho da família 24 horas por dia. “O serviço não é uma gentileza. É um direito e temos que cumpri-lo da melhor forma possível”, diz o diretor clínico do hospital, Donizetti Giamberardino, se referindo ao que determina o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), que entrou em vigor em 1990. Ele explica ainda que a presença da família minimiza o trauma de internamento, o sofrimento e ajuda no tratamento.

Mas para adotar a política de trazer a família para o hospital é preciso vencer uma certa resistência entre os profissionais da área. A coordenadora do Serviço de Psicologia, Maria Dolres Garcia de Faria, comenta que no início houve um pouco de receio por parte dos profissionais da enfermagem, que achavam que poderiam ser substituídos. “Mas eles entenderam que a família vinha para somar e ajudar no tratamento”, explica.

Investimentos

O familiar que acompanha a criança recebe por dia três refeições diárias, produtos de higiene, entre outros benefícios. No ano passado foram gastos R$ 850 mil, sendo R$ 600 mil recursos próprios e o restante do Sistema Único de Saúde (SUS), cobrindo 20 mil internações em 2002. 70% delas foram pelo SUS. Segundo a coordenadora de Relações Institucionais, Ety Cristina Forte Carneiro, os hospitais que quiserem implantar o sistema também podem reduzir custos por meio de parcerias com entidades. “Vão precisar apenas de uma cadeira confortável e de um banheiro”, diz.

Além disso, o investimento tem retorno garantido com a redução no tempo de internação. Outro fator que colabora para isso é a redução nos índices de reinternações. Isso porque as mães durante a estadia no hospital aprendem sobre a doença, como devem cuidar e ministrar os medicamentos e noções básicas de higiene,.

A Abrinq agora vai apoiar a implantação do programa no Hospital Menino Jesus de São Paulo. Segundo a superintendente da Fundação, Ana Maria Wilheim, o hospital já realiza um trabalho nesse sentido, mas vai melhorar o sistema, aproveitando e adaptando as experiências do Pequeno Príncipe. A Abrinq também vai elaborar materiais relatando a experiência de Curitiba e distribuir para o resto do País em unidades que trabalham nesta linha de humanização do atendimento. Segundo Ety Cristina ainda existem muitos lugares no País onde os pais não podem acompanhar as crianças. Ano passado, o Família Participante foi vencedor do Prêmio Criança 2002 da fundação na categoria Saúde do Bebê e Gestante, concorrendo com outros 290 projetos.

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