“Pendura” opõe alunos e comerciantes

Ontem foi comemorado o Dia do Advogado. Enquanto os profissionais da área festejavam a data, donos de bares, lanchonetes e restaurantes de Curitiba se mostravam apreensivos. Tudo por causa da polêmica tradição dos estudantes de Direito de, no dia 11 de agosto, ir aos estabelecimentos, fazer uma série de pedidos e sair sem pagar a conta. O costume fez com que o Dia do Advogado também ficasse conhecido como o “dia da pendura”.

“Ir a bares e restaurantes e depois sair sem pagar é um costume muito antigo dos estudantes de Direito, que teve início no Estado de São Paulo”, explica o aluno do terceiro ano de Direito da Univesidade Federal do Paraná (UFPR) e integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição, Geraldo Augusto Staub Filho. “Na época, os proprietários ficavam lisonjeados quando os estudantes penduravam a conta em seus estabelecimentos, pois isso significava que eles iriam voltar e prestigiar o local quando estivessem formados, e também que os serviços oferecidos eram de qualidade”.

Na opinião de Geraldo, é benéfico que os futuros advogados de hoje mantenham a tradição. Porém, ele acredita que, para evitar confusões, tudo deve ser encarado com limite. “O melhor que os donos de bares e restaurantes têm a fazer quando percebem que um grupo de estudantes de Direito está presente é ir até a mesa dos mesmos e tentar um acordo. Em muitos casos, fica combinado que os estudantes irão pagar só as bebidas ou os 10% dos garçons. É a chamada pendura honesta”, diz o estudante.

Proprietários

A responsável pelos bares Taco El Pancho, Mustang Sally, Peggy Sue e Sheridans, Elsie Haas, conta que está há dez anos no mercado e nunca teve contas penduradas por estudantes de Direito. Mesmo assim, ela revela que sempre fica em alerta no Dia do Advogado. “Não concordo com a pendura e acho que o costume dos estudantes de sair sem pagar vai contra o caráter e a moral da profissão que eles escolheram.”

Já o proprietário do Bar Brasil, André Portola, que é formado em Direito, concordava mais com a tradição quando era estudante. Hoje, ele acredita que uma série de penduras em um mesmo dia pode gerar muitos prejuízos aos estabelecimentos comerciais da área de gastronomia. “Acho que tudo depende de bom senso. Não sou contra o costume, mas tem gente que abusa demais, pendurando várias doses de uísque e outros produtos caros”, comenta. “Os estudantes devem tentar manter a tradição, mas não fazer sacanagem.”

Para evitar problemas, alguns estabelecimentos da capital já oferecem cortesias ou promoções aos estudantes de Direito no dia 11 de agosto.

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