Enquanto a população sofre com medo de assaltos, os fabricantes, revendedores e aplicadores de películas automotivas vêem seu lucro aumentar junto com a falta de segurança. Segundo dados da Associação Brasileira dos Representantes e Aplicadores de Window Film (Abrawf), em 1999 foram comercializadas 700 mil peças no país e em 2002 o número chegou em 2,200 milhões.

Marcos Elias Taborda, proprietário de uma oficina especializada na aplicação de películas, diz que ano passado costumava atender 5 clientes por dia, hoje são 10. Afirma que a falta de segurança é um dos motivos que tem impulsionado a venda do material. “Antes as pessoas achavam que era coisa de rapaziada, agora eles procuram mais devido à segurança”, afirma.

Na oficina ele coloca três tipos de película, a mais simples é a fumê, que custa R$ 120,00. Ela protege contra os raios solares e também evita que o vidro se estilhasse, caso seja quebrado. Depois tem a película metalizada que oferece uma proteção maior contra o sol, custa R$ 220,00. A mais cara é a de segurança (semiblindada), que evita que o vidro se quebre em caso de impacto. O valor é R$ 350,00. “A mais procurada ainda é a fumê devido ao preço. A de segurança ainda é pouco conhecida já que foi lançada a menos de um ano”, explica Taborda.

Sérgio Figueiredo é um dos adeptos das películas. Mas, para o ele o principal motivo é a estética e a proteção que o material traz para o painel e bancos do carro. “É vantagem colocar a película devido à proteção que proporciona”, diz. Ele porém também acha mais seguro andar em veículo com o material nos vidros.

Películas irregulares

Mas não é qualquer tipo de película que pode ser usada. A resolução 73/98 do Código de Trânsito Brasileiro determina que a transmitância (índice de luz que passa através da película e dos vidros ) não pode ser inferior a 75% no pára-brisa, 70% nos vidros laterais da parte da frente e 50% para as demais laterais. Segundo Taborda, a metade dos clientes pede índices irregulares. Nestas situações, ele afirma que não coloca a chancela da sua loja. Caso os agentes de trânsito verifiquem a irregularidade, podem exigir que o material seja retirado e há aplicação de multa.

No entanto, se o veículo conter chancela, mesmo mostrando que os índices são irregulares, nenhuma multa pode ser aplicada porque, no país, não existe um equipamento reconhecido pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para comprovar que os índices estão inadequados. Segundo Marcelo Araújo, advogado e conselheiro do Conselho Estadual de Trânsito, já houve discussões e testes na Câmara Temática (órgão que tem por objetivo dar suporte as decisões técnicas do Contran) sobre o assunto, mas o equipamento testado não oferecia credibilidade suficiente.

Dirigibilidade

Para Araújo, hoje existe no mercado películas escuras de qualidade que não interferem nas condições de dirigibilidade. Mas a assessora jurídica da Abrawf, Carla Pedroza, afirma que os estudos feitos para decidir o grau de transmitância são de 1930. Ela explica que a Abrawf juntamente com o Instituto Balcão Bauer e o Instituto Panamericano de Carreteiros está realizando estudos para determinar que índices comprometem a segurança no trânsito, tanto para veículos, pedestres e ciclistas. A previsão é que fiquem prontos em março, quando será recomedada a alteração no Código Nacional de Trânsito.

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