A história mais engraçada sobre pescaria, que é contada pelos amigos do vendedor Elias José Benato, 35 anos, não o tem exatamente como protagonista, mas sim a mãe dele, dona Mercedes Benato, uma italiana de 66 anos, que fala o que ?vem na telha? e, como boa matriarca que é, mantém os filhos na rédea curta até hoje. Elias só cai na risada cada vez que um relembra a cena: ele voltava de uma pescaria feita abaixo de chuva e na barranca do rio. Veio com poucos peixes, mas coberto de lama até o pescoço. Assim que chegou em casa, em Santa Felicidade, a mãe gritou: ?Elias, seu porcalhão, você foi pescar ou foi caçar tatu??. Os amigos que estavam descarregando as tralhas dele, tiveram que se sentar no chão, de tanto rir. Outro que arranca risos quando revela detalhes de suas pescarias é o empresário Ademar Schwinden, 65, que já pescou da Amazônia ao Rio Grande do Sul. Segurando um copo de ?cataia? (erva especial que ele mistura na cachaça), não economiza prosa. Em sua penúltima reportagem da série ?Conversa de Pescador?, a Tribuna trás hoje as histórias destes dois apaixonados por pescarias.
Boa leitura!
Tamanho não é documento
Ademar Schwinden |
Ademar pesca desde criancinha. Diz que quando era moleque, ia atrás de traíra na pedra e as abatia com tiros de espingarda de pressão. A história não convence, mas ele garante que é verdade, pois naquela época as traíras chegavam até a 8 quilos, costumavam, no calor, nadar até uma lage de pedra, num lugar chamado Pouso Redondo, em Santa Catarina. De longe, ele e os amigos usavam chumbeiras para abater os exemplares. ?A gente matava com tiro e depois pulava na água, para buscar o bichão?, revela o pescador.
Elias José Benato |
Parando mais tempo no litoral do que em Curitiba, onde mora, Ademar pesca quase todos os dias na beira da praia. E demonstrou ser bom pescador. Pouco tempo depois de lançar a linha com anzol grande e sardinha como isca, tirou do mar uma bela corvina que serviu de almoço para ele e alguns amigos.
Entre uma fisgada e outra, ele contou que em uma das pescarias na Amazônia conseguiu capturar, com um amigo, 62 tucunarés. O amigo teve que pagar um excesso de bagagem enorme no aeroporto, mas fez questão de trazer todos os peixes acondicionados em gelo e isopor. Quando chegaram em Curitiba e foram abrir as caixas, encontraram só o gelo. Tinham levado todos os peixes antes de embarcá-los no avião.
Turma do Elias |
Já Elias, que pescava lambaris com o pai no Rio Passaúna e traíra nas cavas do Iguaçu, gosta mesmo de contar as aventuras acontecidas em Santo Segredo. Há 10 anos já chegou a pescar 113 quilos de lambarís, com alguns amigos (considerando que são necessários em média 50 lambarís para dar um quilo, a pescaria foi das mais proveitosas). Em apenas um dia, ele pegou 13 quilos, batendo um recorde e ganhando uma aposta. Ao chegar disse que se pegasse menos de 10 quilos, iria pagar a pescaria de todos. Se pegasse mais, não pagaria nada. E saiu tudo ?na faixa?, dada a sua experiência em capturar os bichinhos. Por outro lado, ele também gosta dos peixões e já foi, algumas vezes, ao Mato Grosso em busca dos dourados. Pegou um com 10,5 quilos. E na Baía de São Francisco, teve o prazer de apanhar uma garoupa de 24 quilos. Mas para ele tanto faz, peixinho ou peixão, é tudo diversão. (MC)
Dicas do Moluscówski
Como pescar nos canais
Canais são buracos que se formam com a ação das marés ou correnteza e onde os peixes costumam se aglomerar para procurar seus alimentos. Para conhecer um canal de praia, observe uma onda se aproximando. Quando formar espuma é porque ela encontrou um banco de areia e se quebrou. Continue observando. Quando a onda perder a espuma, é porque ela encontrou um buraco e formou um canal. Arremesse sua isca atrás do local onde se forma espuma.