Parentes das mulheres assassinadas em Almitante Tamandaré, apoiados pelo vereador Luiz Piva (PT), estiveram ontem na Câmara Municipal para pedir a instalação de uma comissão especial permanente para ajudar nas investigações. Porém a delegada Vanessa Alice, responsável pelo caso, afirma que a preocupação deveria ter ocorrido há dez anos e não agora que o caso está praticamente elucidado.
O vereador diz que em abril a câmara aprovou a instalação da comissão, no entanto, até agora nenhuma providência havia sido tomada. No entanto o vice-presidente da casa, Amauri Lovato, explica que na época os vereadores não se ativeram ao regimento da casa que não permite a criação deste grupo. “Mas se a população achar necessário podemos mudar o regimento e instaurar a Comissão”, diz. A decisão ficou para a próxima sessão da casa, dia 9. Mas Amauri pondera dizendo que devido o estágio das investigações, eles não tenham condições técnicas para colaborar com o trabalho da polícia.
Elvira da Silva, de 59 anos, é mãe de uma das vítimas, assassinada em 1999. Ela afirma que ainda não foi descoberto quem tirou a vida da filha. “Estou aqui para pedir apoio”, desabafa. Rosalina Kapp é irmã de outra vítima, morta no ano passado. “A comissão vai acompanhar de perto as investigações, trazendo informações às famílias”, espera, embora ambas reconheçam que o trabalho da polícia está avançado.
A delegada afirma que nada impede que os vereadores participem, mas lembra que resolveu em seis meses o que estava parado há dez anos. Das 22 vítimas, cinco casos já foram esclarecidos e os demais estão em fase de conclusão. “Todos têm ligação e apontam para formação de quadrilha”, explica. De acordo com a delegada há cerca de vinte pessoas presas e outros pedidos de prisão, envolvendo ainda outros crimes, podem sair a qualquer momento.
Ainda na sessão de ontem, os vereadores da Câmara entregaram a Piva documentos de um processo que pede a cassação do seu mandato. O motivo seriam denúncias consideradas infundadas contra a administração municipal e o Poder Legislativo. Piva disse que havia na folha de pagamento o nome de pessoa que já havia morrido. Porém a Prefeitura informou que se tratava de um homônimo. Segundo Piva, o Ministério Público está investigando a existência de funcionários fantasmas. (EW)
Famílias se reúnem com José Tavares
Integrantes do Movimento das Família de Mulheres Mortas em Almirante Tamandaré se reuniram ontem de manhã com o secretário da Segurança Pública, José Tavares, para esclarecer dúvidas. Tavares afirmou que Vanessa Alice tem estrutura disponível para realizar seu trabalho com eficiência. “As pessoas reclamam que faltam policiais trabalhando nos casos, porém precisam entender que o importante não é quantidade, mas qualidade”, afirmou.
Segundo o secretário, policiais civis e militares estão integrados na prevenção da violência, investigação dos assassinatos e repressão dos culpados. De setembro de 2000 até agora, 46 homicídios, de homens e mulheres, ocorreram em Almirante Tamandaré. (CV)