Os postos da Polícia Rodoviária Estadual do Paraná se tornaram verdadeiros depósitos de carros. São cerca de 2,7 mil veículos espalhados pelos 65 postos do Estado, segundo dados do Departamento de Estradas e Rodagem (DER). A maioria deles é velha e tem o valor de mercado tão baixo, que o proprietário prefere abandoná-lo a arcar com a despesa de, no mínimo, R$ 6,48 por dia – estadia no pátio do posto.

Em um ano, a cobrança salta para R$ 2.365,20. Outros, no entanto, são quase novos, mas têm multas acumuladas muito elevadas. “Quem tem o veículo retido por um ano não vem mais retirar”, sentencia o tenente Wladimir Denkewski, oficial de Relações Públicas da PRE. Segundo ele, o veículo só pode sair do pátio do posto policial em duas situações: ou pelo próprio motorista, depois de quitar as pendências, como multas e licenciamento, ou de conseguir o ofício de liberação pela Polícia Civil – no caso de acidentes com vítimas – ou quando o DER abre leilão.

O problema é que há mais de dez anos o órgão realizou o último leilão (ler box).

“Para nós, é um problema essa quantidade de veículos, principalmente em virtude da falta de espaço”, alega o oficial Denkewski. O cabo Becker, que atua no posto rodoviário da Graciosa, concorda. “Além disso, há o perigo de criar cobra, lagarto, rato”, diz o cabo. O risco da dengue, com a proliferação do Aedes aegypti nos veículos abandonados também é grande. Um exemplo são dois postos da região de Ponta Grossa, onde foram encontradas larvas do mosquito transmissor.

Multas

Só no pátio da Graciosa, são cerca de 70 carros e 40 motos. Um dos veículos retidos, conta Becker, tem multa de R$ 190 mil. Outro, um Corsa, o débito é superior a R$ 40 mil. “Eles abandonam mesmo. Não compensa pagar tudo isso.”

Quanto às apreensões, elas ocorrem em operações policiais ou quando há um acidente com vítimas. De acordo com o tenente Dekewski, são feitas de 800 a 900 apreensões por mês em todo o Estado, durante as blitze. Desse total, a maioria (90%) dos veículos é retirada pelo proprietário no mesmo dia ou semana. Em caso de acidente, o tenente conta que a retirada só acontece quando o veículo não é antigo e tem seguro. “Quando as custas para consertar são baixas, o proprietário retira. Senão, fica no posto policial mesmo”, relata o tenente. Nos pátios da PRE, a degradação dos veículos é praticamente certa. “Os pátios não são cobertos. Quando os carros são mais recentes, são colocados na entrada do posto, até mesmo para manobras. Mas os mais antigos ficam empilhados”.

DER promete fazer leilão em 2003

Lyrian Saiki

Depois de mais de dez anos sem realizar leilão dos veículos retidos nos postos da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) deve fazer o próximo no início de 2003. Pelo menos é o que promete o diretor-geral do DER, Paulinho Dalmaz.

“Estamos providenciando um leilão há quase um ano. Fizemos um trabalho de levantamento e decidimos atuar, primeiramente, nas regiões de Curitiba e Londrina”, explicou. Segundo ele, são 672 veículos retidos em Londrina e 571 em Curitiba, perfazendo 1.243 dos quase 2,7 mil de todo o Paraná . “Comunicamos os proprietários para que, caso tenham interesse nos veículos, se manifestem. Eles têm prazo de trinta dias para dizer se querem ou não os veículos de volta”, disse o diretor.

Ele acrescentou que o leilão é um processo muito trabalhoso, daí a demora de um ano para ser preparado. “Há todo um procedimento a ser obedecido, com a comunicação aos proprietários dos veículos e presença de um leiloeiro oficial.”

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