Alfabetizar seis mil jovens e adultos. Essa é a meta que a Pastoral da Criança quer atingir neste ano com a continuidade de um programa de alfabetização nas comunidades onde atua. A iniciativa tem o respaldo do Ministério da Educação (MEC), que autorizou nesta semana a liberação de recursos na ordem de R$ 790 mil, que serão investidos na capacitação de monitores e supervisores que atuarão no projeto, bem como na confecção de material didático e ajuda de custo aos alfabetizadores.
A presidente da Pastoral da Criança, Zilda Arns, explica que o projeto existe há 15 anos – nesse período já foram alfabetizadas 280 mil pessoas -, sendo coordenado por missionárias, que a partir de agora irão se dedicar a trabalhos na África. ?Foi a partir dessa mudança que pedi apoio do ministério para dar continuidade a esse projeto, que ia tão bem. O ministro da Educação, Fernando Haddad, foi compreensivo e autorizou o repasse do recurso, que entrará em projetos especiais com um impacto novo?, explicou Zilda. O dinheiro será aplicado na capacitação pedagógica e ajuda de custo dos voluntários que atuarão na alfabetização, coordenando 750 turmas.
?O custo por aluno será de R$ 14,64 por mês para atuarem em nove módulos, atendendo a necessidade de cada realidade das regiões brasileiras?, falou a presidente da pastoral. A diferença desse projeto para os cursos de alfabetização de jovens e adultos existentes no País, explica Zilda, é que são formadas turmas onde as comunidades moram, muitas vezes, dentro da casa de uma mãe atendida pela pastoral que deixou de estudar por não ter onde deixar os filhos. ?E além de ensinar a ler e escrever, nós trabalhamos questões de auto-estima e cidadania?, disse.
Ampliação
Presente hoje em 16 países, a Pastoral da Criança atua em áreas pobres com ações de saúde, nutrição, educação, cidadania e controle social. Segundo Zilda Arns, existem pedidos de outros países para que os trabalhos da entidade também sejam implantados, mas a presidente diz que um dos grandes empecilhos tem sido a língua. ?Temos pedidos, por exemplo, da África Francesa e Senegal, mas temos dificuldades de trabalhar com pessoas no Brasil que falem francês?, comentou. Mas apesar dessa dificuldade, Zilda adiantou que em maio de 2006 Curitiba irá sediar uma reunião dos bispos responsáveis pela pastoral da infância na América Latina e Caribe – patrocinado pelo Centro Latino-Americano da Igreja Católica e Unicef – onde será discutida essa ampliação. Um dos primeiros países que deverá receber, já no ano que vem, os trabalhos da pastoral é o Haiti. ?As lideranças vêm até aqui para entender o que é a pastoral, como trabalha e os resultados que vem alcançando, através de metodologias voltadas para ações básicas de saúde, cidadania e alimentação, executadas por pessoas simples que fazem a diferença. É pobre ensinando pobre?, finalizou.