Tão bonito quanto ver as ovelhas que fazem as vezes de roçadeiras de parte da grama no Parque São Lourenço, no bairro de mesmo nome em Curitiba, é observar o cuidado que o auxiliar administrativo e tratador Salvador Machado dos Santos, 59 anos, dedica ao rebanho. São dois anos de trabalho no parque, mas a carreira como servidor municipal já soma 27 anos. A atividade de tratador, no entanto, ocupa os últimos anos dessa trajetória.

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Ele conta que começou a cuidar das ovelhas no Parque Barigui e depois foi transferido para o São Lourenço. Segundo a prefeitura, além desses dois lugares, o Parque Náutico também conta com rebanhos de ovinos. No São Lourenço, são 23 fêmeas da raça Suffolk com idades que variam de 1 a 8 anos de idade, sendo que algumas delas nasceram no próprio parque, já que no período especificado pelos veterinários elas acasalam com um reprodutor selecionado.

Santos atesta que a raça de suas ovelhas é a melhor que existe. “Quase nunca ficam doentes”, afirma, dizendo que se depender dele, a vida delas “será longa e boa”. O trabalho com os animais é considerado um deleite para ele, tanto que nem se importa de ter que cumprir expediente também no final de semana. “Gosto de estar entre as ovelhas de segunda a segunda”, garante. E a resposta a tanto afeto vêm na forma de respeito. “É só eu chamar que as ovelhas me seguem”.

Allan Costa Pinto
Santos: é só eu chamar que as ovelhas me seguem.

Com tanta afinidade, não é difícil entender por que o cajado improvisado que ele carrega nas mãos não é utilizado na atividade pastoril. “É uma tremenda ferramenta para espantar os cachorros”, revela. “A culpa nem é dos cães e, sim, dos donos que soltam as guias no parque e deixam os animais avançarem contra os outros e nas ovelhas. É pura falta de consciência”, opina.

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Esse defensor inveterado dos animais também reclama de outra atitude frequente e igualmente lamentável: a ação de ciclistas que pedalam em direção às ovelhas para amedrontá-las. “Sempre chamo atenção, pois onde já se viu alguém brincar de ameaçar atropelar ovelhas”, questiona. Santos explica que quem chega perto dos animais com respeito conta com a simpatia dele. “Eu até ajudo as crianças e pessoas que querem fazer carinho nelas. Basta se aproximar com cautela, pois elas são animais abençoados de tão mansos”, declara.

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Tanto no início da manhã, entre 8h e 10h40, quanto no começo da tarde, das 13h às 15h, as ovelhas são soltas no parque, exceto quando chove – para evitar que as ovelhas adoeçam. “Nesses dias elas ficam no espaço atrás da sede do parque e são alimentadas com alfafa e ração”, conta Santos. A época de tosquiar as ovelhas é entre fim de outubro e início de novembro, mas o tratador diz gostar delas cheias de lã.

Com tanto carinho para dar, o tratador aproveitou a entrevista aos Caçadores de Notícias para dizer que está procurando uma namorada que goste de animais e seja companheira. “Estou há dois anos sozinho e não gosto disso”. Quem estiver interessada, já sabe onde encontrá-lo.

Veja no vídeo a conversa com Salvador Machado dos Santos.