Olho nas mãos

Passeio pelo centro revela falta de higiene de alguns ambulantes

Meio de tarde, bate aquela fome e você sente o cheirinho da pipoca feita na hora, com aqueles baita pedaços de bacon ou com lascas de coco. Quem resiste? Esquinas e proximidades de pontos de ônibus, no Centro, estão cheias de ambulantes, vendendo os mais variados tipos de doces e salgados. Mas será que estas comidas estão devidamente limpas e conservadas? Como é a fiscalização destes carrinhos e barracas?

Expostos

Da Praça Carlos Gomes até os fundos da Catedral, por exemplo, há dezenas de ambulantes. Se até mesmo entre licenciados pela prefeitura havia alguns que pecavam na higiene, entre os não legalizados as condições eram mais duvidosas. Um exemplo era o vendedor de mel, que transportava vidros sem rótulo em carrinho de mão. Em meio aos vidros, uma bacia cheia de pedaços de favos, cobertos apenas por papel filme, que também estavam à venda.

Frutas

Havia também os vendedores de goiaba, na Avenida Marechal Deodoro, que transportavam os produtos diretamente num carrinho de mão, com a balança e a máquina de cartão por cima das frutas. Fiscais da Secretaria já tinham flagrado a dupla, tomado os produtos e a balança. Mas eles tinham mais goiabas e equipamentos guardados e continuaram a venda depois. Dentro do carrinho havia goiabas cortadas ao meio, expostas e recebendo pó e fuligem dos carros, das quais eles tiravam lascas para clientes provar. A faca ficava em cima das frutas e os vendedores pegavam as goiabas com as mesmas mãos que transportavam o carrinho e pegavam o dinheiro dos clientes.

Mais flagras

Entre os autorizados pela prefeitura, vários “deslizes” foram constatados: pipoqueiro pegando bacons com a mão, outro os mantendo sem refrigeração; vendedor de cocadas cortando pedaços de coco sem luvas; barraquinha de pastel cheia de restos em cima da bancada e dezenas de pombos circulando ao redor; vendedor de cachorro quente mantendo saladas sem qualquer refrigeração ou tampa e o vendedor de frutas, que as mantinha expostas sem qualquer cobertura. Com sol forte batendo, várias delas certamente chegariam “cozidas” à casa do cliente.

Jhennifer: compro aqui por causa da qualidade e higiene. Foto: Ciciro Back.

Limpeza e boa aparência

Muitos ambulantes prezam pela boa aparência, usam jalecos e cabelos presos, carrinhos tampados com vidro e álcool para desinfetar a bancada. O vendedor de tapiocas geladas César de Souza, mantém as delícias nordestinas sobre uma superfície refrigerada e deixa tudo limpo. Não pega nada com a mão. “A pessoa experimenta, gosta e vira cliente”, afirma. A vendedora Jhennifer da Silva, 25 anos, é cliente de César desde criança e diz que compra por causa da qualidade e higiene. Cansou de ver ambulantes sujos por aí.

“Marketing”

Já no carrinho do pipoqueiro Rodrigo Britto, as pipocas ficam bem alinhadas ao vidro. O vendedor ainda coloca, intencionalmente, pedaços de bacon ou coco dispostos bem na frente da pilha para chamar a atenção. Segundo ele, tática funciona muito bem. As cocadas também ficam separadas por tipos, tudo protegido por vidros. “A propaganda é a alma do negócio”, brinca Rodrigo.

A mesma coisa pensa o vendedor de frutas Marcos Zonta, que mantém os produtos arrumados para que os clientes vejam de longe. “A organização é o marketing”, analisa Marcos. Quem comprova é a merendeira Danuza Lima, 47, que voltava para casa e não ia comprar nada. Mas os morangos estavam tão vistosos, que ela acabou levando quatro caixas para as crianças da casa. Marcos mantém galões de água no carrinho, para lavar as frutas dos clientes que desejam consumir na hora.

Consumidor é principal fiscal

Alimento mal conservado ou manipulado de maneir,a imprópria pode trazer desde um leve desconforto, até vômito, diarréia, dor de cabeça, problemas no fígado, entre outros. Giselle Poitevin Pirih, coordenadora da Vigilância Sanitária de Curitiba, explica que o maior problema no caso das comidas de rua é a manipulação e armazenamento. O ideal, diz ela, é que existam dois atendentes, um apenas para manipular a comida e outro para receber o dinheiro.

Denúncias

Nos últimos 12 meses, aponta Giselle, não ocorreram grandes denúncias de falta de higiene e asseio dos ambulantes. Mas ela alerta: quem regulamenta este tipo de serviço é o próprio consumidor, que deve denunciar quando ver algo irregular. As denúncias podem ser feitas pelo telefone da prefeitura, o 156.

Atenção durante o preparo. Foto: Cicíro Back.

Consumidor é principal fiscal

Alimento mal conservado ou manipulado de maneira imprópria pode trazer desde um leve desconforto, até vômito, diarréia, dor de cabeça, problemas no fígado, entre outros. Giselle Poitevin Pirih, coordenadora da Vigilância Sanitária de Curitiba, explica que o maior problema no caso das comidas de rua é a manipulação e armazenamento. O ideal, diz ela, é que existam dois atendentes, um apenas para manipular a comida e outro para receber o dinheiro.

Denúncias

Nos últimos 12 meses, aponta Giselle, não ocorreram grandes denúncias de falta de higiene e asseio dos ambulantes. Mas ela alerta: quem regulamenta este tipo de serviço é o próprio consumidor, que deve denunciar quando ver algo irregular. As denúncias podem ser feitas pelo telefone da prefeitura, o 156.

Como se regularizar

Para ser ambulante é necessário autorização e seguir regras (tamanho do carrinho, local de parada, horários de funcionamento, etc.). O diretor de fiscalização da Secretaria de Urbanismo, Marcelo Bremer, explica que qualquer pessoa física pode fazer a solicitação, sem custo. Basta apresentar documentos solicitados e dizer o ponto que deseja. A fiscalização verifica se o ambulante não vai atrapalhar a circulação de pessoas e carros, se não é um ponto de ônibus, ter autorização do lojista logo em frente, entre outros aspectos. Daí é só pegar a autorização e começara.

Restrições

Não é difícil conseguir a licença, que precisa ser renovada a cada ano. O que não pode é vender bebidas alcóolicas. Água e refrigerantes só podem ser vendidos em barracas de cachorro quente, autorizadas a funcionar apenas depois das 19h. A única restrição é a venda no anel central. Como há muitos interessados nesta área, há uma fila de espera. Quando surgem vagas, a Secretaria abre edital para concorrência entre interessados.

É o seguinte!

É muito bom ter opções de comida nas ruas, em qualquer lugar e a qualquer hora. Mas quem mexe com isso tem que ter o mínimo de noção de cuidados e higiene. Foi o que a Tribuna observou numa rápida passada pelo Centro. Algumas barraquinhas prezam muito pelos cuidados, outras nem tanto. Cabe às autoridades fiscalizar.

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