Uma das atrações é um mapa gigante do Paraná. |
Cerca de R$ 7,3 milhões gastos pelo governo Lerner foram pagos com recursos do programa Paraná Urbano II e do Fundo Estadual de Meio Ambiente (Fema). A Petrobras, através da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, financiou a outra metade das despesas. Para se ter idéia da extensão do desperdício de dinheiro público na construção do parque e na sua logística, somente os pagamentos dos espetáculos circenses, previstos para acontecer diariamente, custaram quase R$ 3 milhões. A exemplo do Museu Oscar Niemeyer, o Parque da Ciência foi entregue na última semana de 2002.
Na concepção da equipe liderada pelo ex-governador, que ele próprio assumiu ter sido “inspirada” no modelo do parque francês La Villete, as instalações do antigo Parque Castello Branco, na BR-116, em Pinhais, que estava desativado havia dois anos, seriam reformadas e em 80 hectares do complexo seria instalado o parque.
De acordo com as declarações do ex-governador na época, o Parque da Ciência possibilitaria aos seus visitantes “trilhar uma viagem lúdica pelos caminhos da ciência e da tecnologia”. O parque La Villete também foi instalado num espaço abandonado, uma área industrial de 55 hectares, no sul da França. Mas as semelhanças com a “idéia” da equipe de Lerner param por aí.
O parque francês, por exemplo, contou com um concurso internacional de arquitetura e teve a participação ativa de 460 equipes de profissionais de 41 países. O da Ciência foi idealizado quase que exclusivamente pela equipe do ex-governador.
Outra grande diferença entre os dois projetos é o tempo de execução. O La Villete levou 18 anos para ser finalizado, entre 1979 e 1997, quando foi concluído o Museu da Música. O da Ciência tinha prazo para ser inaugurado: dezembro de 2002, o último mês do segundo mandato consecutivo de Lerner.
Projeto
Por muito tempo o Parque Castello Branco foi palco de feiras e exposições agropecuárias, mas precisou ser fechado por estar na Área de Preservação Ambiental (APA) da represa do Rio Iraí, que sozinha é responsável por 25% da água consumida pelos moradores da Região Metropolitana. O lixo produzido pelos visitantes e os produtos químicos empregados na criação de animais, principalmente a de bovinos, poderiam colocar em risco o abastecimento da população.
Pelo projeto original, o Parque da Ciência estaria espalhado em 80 hectares e seria dividido em sete espaços: Exploratório, Mundo do Campo, Palco Paraná, Circo da Ciência, Centro de Referência e Documentação e Centro de Arte Eqüestre. Os maiores investimentos na construção do parque foram realizados no Exploratório, um conjunto de quadro pavilhões temáticos divididos em Água, Energia, Meio Ambiente e Cidades. Ao todo, consumiu R$ 7,3 milhões, dos quais R$ 3,4 milhões só com a compra dos equipamentos didáticos.
Os recursos empregados no Exploratório saíram do Programa Paraná Urbano, que é administrado pela ParanaCidade, entidade ligada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Formado a partir de recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Fundo de Desenvolvimento Urbano, o Paraná Urbano é utilizado para financiar principalmente obras de saneamento e de infra-estrutura nos municípios paranaenses.