O estado de abandono do Parque Cambuí e a presença de vândalos e andarilhos preocupam os moradores de Campo Largo, que há mais de 20 anos ouvem diversas promessas de revitalização do local. Mas poucas ações efetivas acontecem.
Um local histórico – que abrigou uma subestação de enologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que conta com um casarão da década de 1940 e uma área verde de 1,5 milhão de metros quadrados, nas margens do Rio Cambuí, e com uma rica vegetação – desde que passou para a administração do município, em 1980, vem sofrendo com a falta de recursos para sua manutenção e se deteriorando a cada ano. "Isso aqui era lindo, cheio de árvores e frutas. Agora, secaram dois dos tanques e derrubaram árvores. O casarão, completamente abandonado, virou local para consumo de drogas. Tem gente que até dorme e faz todo o tipo de coisa lá dentro", comenta a moradora Gislaine da Silva, que freqüentava o parque na infância. "Esse lugar tem um potencial incrível. Com uma boa reforma, se tornaria o principal ponto turístico da cidade."
A preocupação com o estado do parque é tanta que foi fundado o Movimento Ecológico Amigos do Cambuí (Meacam), uma organização não governamental, que além de tentar manter o parque em ordem, na medida do possível, estuda soluções de administração para o local. Presidente do Meacam, Rodolpho Ramina revela que a organização até já elaborou um plano diretor para o parque em 1995, que foi aprovado pela Câmara Municipal, mas revogado pela administração municipal seguinte. Ele lembra também que o parque era considerado área de conservação, com direito a verbas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ecológico, mas perdeu esse benefício há cerca de dois anos, por descumprir algumas exigências básicas, como a demarcação do local com cerca e a ausência de residências na área do parque.
Pedido
Segundo o secretário de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente de Campo Largo, Paulo Cosmo, o município já encaminhou um pedido ao Instituto Ambiental do Paraná para que o parque volte a ser considerado área de conservação e, para isso, também já pediu reintegração de posse das terras habitadas que pertencem ao parque. Para o secretário, o parque tem uma vocação para a conservação de espécies e a educação ambiental. Uma das alternativas seria utilizar áreas do parque como sede de algumas instituições públicas, como já é feito com o Exército, que tem uma unidade no local. "Um posto da Polícia Florestal, além de ter tudo a ver com o propósito do local, inibiria a ação de vândalos e consumidores de drogas", aponta.
Para o assessor de planejamento da Prefeitura, Dulcimar Rinaldin, o parque é muito grande e sua administração está fora da realidade financeira do município. Ele explica que a Prefeitura está trabalhando na revisão do plano diretor de 1995 para definir projetos de revitalização e apresentá-los à iniciativa privada. "Tenho certeza que muitas empresas com sede em Campo Largo estariam dispostas a ajudar. Só precisam saber como. E é nisso que estamos trabalhando." Ele prevê que nos próximos 180 dias já haverá um novo plano de ação para o parque.