Foto: Daniel Derevecki
Paróquia do Perpétuo Socorro, no bairro Alto da Glória, estava lotada, ontem à tarde.

Multidões se reuniram ontem nas paróquias de Curitiba para celebrar a Sexta-feira da Paixão. Os fiéis que congregam em oito paróquias do centro saíram em procissão pelas ruas da cidade, caminhando até a Catedral Basílica. No local, o arcebispo de Curitiba, dom Moacir Vitti, finalizou a celebração, relembrando a paixão e morte de Cristo. A procissão contou com a participação estimada de dez mil pessoas.

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Antes de saírem em procissão pelo centro, os fiéis celebraram o momento da crucificação de Cristo nas igrejas. A celebração contemplou três momentos, incluindo a liturgia da palavra de Deus, adoração de Cristo na Cruz e a comunhão eucarística. ?Esse é o único dia em que não se faz missa em todo o mundo?, explica o padre Dirson Gonçalves, do Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de onde partiu a procissão. O motivo é que, por ser uma só celebração em três dias, a começar pela Quinta-feira Santa, a bênção final é dada somente no Domingo de Páscoa.

De acordo com o padre, relembrar a paixão e morte de Jesus tem a ver com renovação da vida. ?Se a gente olhar só para o momento da cruz, a celebração teria um sentido triste. No entanto, procuramos vê-la com outros olhos?, explica. Para o pároco, estes dias devem servir totalmente à reflexão.

Fiéis

Os fiéis que participaram das celebrações e da procissão também aproveitaram o momento para fazer suas confissões. A Igreja Católica estabelece que pelo menos duas vezes ao ano as pessoas devem se confessar, sendo uma delas o período que antecede à Páscoa. A dona de casa Júpiter Jesus Gomes da Silva garante que cumpre à risca o ritual. ?Deixo de fazer tudo nesses dias, menos de vir à igreja?, afirmava, enquanto aguardava na fila do confessionário. De acordo com o padre Dirson Gonçalves, pelo menos sete mil pessoas se confessaram somente na paróquia do Perpétuo Socorro ao longo da semana.

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Reflexão e reclusão na capital

Joyce Carvalho

Foto: Daniel Derevecki

Devoção tomou conta dos fiéis.

Sexta-feira Santa é um dia de reflexão e reclusão. Foi assim ontem para muitos curitibanos, que foram até as igrejas da cidade para se confessar e fazer a adoração de Cristo. O dia também foi de sacrifícios, procissões e de encenações da Paixão de Cristo. Quem foi cedo até o Santuário de Nossa Senhora de Perpétuo Socorro participou da Via Sacra, realizada nas ruas do bairro Alto da Glória.

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O comerciante Claudemir José da Silva chegou no Santuário após o restante da família, que fez o percurso do bairro Pinheirinho até o Alto da Glória a pé. ?Eles fizeram o trajeto em duas horas. Eu só não fiz porque temos um filho pequeno, e me encontrei diretamente na igreja. A família inteira faz isso, todos os anos. É uma forma de mostrar que não é só pedir?, comenta.

O movimento também foi intenso na Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, no centro de Curitiba. Turistas que visitam a cidade neste feriado aproveitaram para passar por lá. Independentemente da origem, a Catedral foi um dos locais mais escolhidos para se confessar, rezar e adorar Cristo. ?É um dia muito importante, um dia para ficar mais tranqüilo, mais quieto. É um dia para a reflexão?, opina a educadora infantil Rosineide Aparecida Augusto.

Mas a Sexta-feira Santa não é apenas lembrada em grandes igrejas. Cada comunidade faz seu ritual para reviver os últimos passos de Jesus Cristo. Na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, ontem pela manhã ainda aconteciam os últimos preparativos para a encenação da Paixão de Cristo, que ocorreria à noite, em frente à Capela Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Sessenta pessoas organizaram e participariam da encenação, que deveria atrair pessoas de outras colônias próximas.

A encenação da Vida e Paixão de Cristo foi retomada em 2008 após 13 anos. Neste período, os moradores da colônia faziam uma procissão pelas ruas do bairro. Cristina Bernadete Pissaia, uma das moradoras da Colônia Mergulhão – que concentra famílias de imigrantes italianos e produtores de vinho -, ressalta a importância do envolvimento da comunidade na Sexta-feira Santa. ?Os ensaios começaram faz tempo e todos se dedicaram muito?, diz.