A Paróquia Bom Pastor, que atua na Vila Nori, em Curitiba, está dando um passo à frente do setor público, e praticando um programa em benefício da comunidade. Com base nos valores espirituais, a idéia é evangelizar e, ao mesmo tempo, proporcionar à população assistência nos mais diversos setores, desde saúde e educação, a emprego e renda. Para isso, os membros fazem visitas periódicas às casas e procuram levantar os dados das famílias, estabelecendo o perfil e alcançando as carências de cada uma delas. Até mesmo um censo está sendo elaborado em parceria com uma universidade da cidade, o qual, futuramente, poderá ser usado pela Prefeitura para reconhecimento do perfil populacional na área.
A atuação, conhecida como Processo Integral de Evangelização Paroquial (Pinep), é justificada pelo coordenador Dewet Virmond como uma forma de mostrar à comunidade a preocupação da Igreja com o bem-estar social e espiritual, não vinculada aos ideais religiosos ou doutrinários. "Levamos Deus, mas de forma concreta, transformadora", resume. Para isso, além de evangelizar, a paróquia levanta dados dos moradores, como profissão, renda familiar, número de filhos, necessidades básicas ainda não supridas e doenças. "Nossa idéia é de que um dia a paróquia consiga fornecer um mínimo de condições para todos", diz.
Depois de um ano atuando dessa forma, os objetivos aos poucos são alcançados. Recentemente, eles conseguiram montar um consultório odontológico para atendimento à comunidade. "A paróquia arca com a manutenção. O que precisamos agora é que alguns dentistas doem algumas horas de sua semana para o funcionamento", ressalta o coordenador. Da mesma forma espera-se que outros profissionais se disponham a fornecer desde atendimento médico e jurídico à comunidade até cursos básicos de formação profissional. "Queremos criar aqui uma agência de empregos e cooperativas de consumo, em que cada um participe com roupas, mantimentos e produtos de higiene", complementa. Além disso, a paróquia coleta alimentos doados por diversas instituições para distribuir aos mais carentes e os convida para reuniões de adoração, louvor e testemunho.
Censo
O censo entre as casas do bairro envolve primeiramente o mapeamento e, depois, as visitas. Todas as casas recebem periodicamente os paroquianos, o que mantém os dados da comunidade constantemente atualizados. "É um trabalho sociogeográfico que, aos poucos, nos dará condições de oferecer ao Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) dados como, por exemplo, quantas lâmpadas estão queimadas no bairro", afirmou.
O trabalho, em parceria com a Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), é realizado através de um processo chamado ortofotografia – em que fotografias aéreas dão projeção do terreno corrigindo distorções e complementando-o com símbolos, linhas e quadros para melhor localização. "Em apenas um clique sobre uma casa, esperamos tornar possível acessar os dados de quantas pessoas moram ali, além de suas características socioeconômicas", define Virmond.