Com o apoio de um abaixo-assinado com mais de oito mil assinaturas e a presença, em massa, de estudantes, trabalhadores e políticos, até o coordenador do movimento "O porto é nosso", deputado estadual Rafael Greca (PMDB), foi surpreendido pela força que assumiu a manifestação em defesa do Porto, ontem em Paranaguá. Tanto repúdio à iniciativa do deputado federal Ricardo Barros (PP) e a adesão popular deixaram animado o governador Roberto Requião. "Vamos resistir e ganhar mais essa luta. O Senado não vai votar uma besteira, uma irresponsabilidade dessas", afirmou Requião.
O projeto de lei que propõe a federalização do porto está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Apesar disto, Greca se mostra bastante otimista em relação aos efeitos da grande manifestação no processo. "Tenho impressão de que vamos conseguir reverter essa situação. Dos três senadores, dois, os irmãos Dias (Alvaro e Osmar), já não aceitaram mais a tese de Ricardo Barros", afirma.
Para a também deputada federal Clair da Flora Martins (PT) a proposição de Barros não passa de uma "representação de interesses individuais de um grupo e não público" e que, por isso, não recebe o apoio dos demais deputados do Estado. Ela ainda declara que será encaminhada ao Senado uma manifestação dessa discordância em forma de documento e ainda deputados federais e estaduais buscarão um maior entrosamento com os senadores para reverter essa situação.
Sobre os interesses do deputado Ricardo Barros, o governador Roberto Requião afirma que "são interesses contrariados. É o mesmo grupo que privatizou a Copel e tentou privatizar a Sanepar, que agora tenta federalizar, por trás de um deputado irresponsável. O Ministério dos Transportes não cuida nem das pontes e estradas federais do Estado, vai cuidar do Porto? Atrás disso está o interesse da privatização do porto", afirmou Requião.
Para o superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião, o que atualmente estaria incomodando a oposição seria os investimentos. "O Porto vai muito bem. Estamos fazendo investimentos que estão incomodando os privatistas. O Porto Paranaguá não recebeu um único investimento federal em minha gestão. Todos os investimentos são feitos com recursos próprios e ainda temos R$ 190 milhões em caixa. Isto está intrigando a oposição. Os privatistas não querem investimentos públicos, porque isso baixaria tarifas. Eles querem menos espaço e mais tarifas", afirma Eduardo.
Fiep
Também presente no ato público, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, manifestou apoio à permanência do Porto sob administração do Estado, mas afirmou que os problemas levantados devem ser discutidos e as melhorias na infra-estrutura portuária devem ser feitas, para que ninguém seja prejudicado.
Entrega
O governador aproveitou a oportunidade para entregar duas viaturas e quatro motocicletas do Projeto Povo aos moradores de Paranaguá. Além disso, o Corpo de Bombeiros recebeu uma lancha, que funcionará como UTI Móvel e atenderá quem mora nas ilhas do litoral do Estado.