É incontestável o benefício econômico que um porto traz a uma cidade. Entretanto, junto com as benesses, aparecem problemas típicos de cidades portuárias. Paranaguá, no litoral do Estado, é uma dessas cidades, que ainda está se adaptando ao grande fluxo de pessoas vindas em função do porto público.
Todavia, os números da Secretaria de Saúde da cidade animam. Hoje, Paranaguá é a 18.ª cidade do Brasil em incidência (número de casos dividido pela população) de aids. A situação ainda é preocupante, mas já é melhor, pois a cidade chegou a ser a 10.ª nesse triste ranking.
Segundo dados da secretaria, entre 2000 e 2003, foram registrados 271 casos de aids em moradores da cidade. “O ambulatório de DST/aids realiza trabalho preventivo contra doenças como a aids e a hepatite B, transmitidas via sexo”, afirmou a diretora do Departamento Epidemiológico do município, Isabele Antoniacomi.
Ela destacou que as cidades portuárias, pela grande quantidade de pessoas que a freqüentam, normalmente lideram esse ranking. Hoje a cidade com maior incidência de casos de aids do Brasil é a catarinense Itajaí. Santos, no litoral paulista, já ocupou esse posto, mas conseguiu reverter a situação. “Estamos fazendo algo parecido com o que há em Santos. Não adianta falar, panfletar uma só vez. Tem que ser persistente. Temos que vencer pelo cansaço”, afirmou.
Isabele destacou que a tuberculose, que normalmente vem associada à aids, também é uma doença de grande incidência na cidade. De 2000 a 2003, foram registrados 554 casos da doença em Paranaguá.
Sujeira
A sujeira dos desperdícios de cargas, principalmente grãos, é outra preocupação da Saúde do município. Esta semana o problema foi objeto de análise e denúncia junto à Vigilância Sanitária, por parte dos deputados que formam a CPI do Porto. O odor da fermentação dos grãos pode causar problemas respiratórios nas pessoas. “É importante destacar que toda a cidade acaba sendo prejudicada. Não só aquelas regiões mais próximas ao porto”, contou.
Grupo de estudo
O secretário municipal de Saúde de Paranaguá, Paulo Carvalho França, destacou que um grupo com vários segmentos está estudando como corrigir esse problema. Uma das doenças que mais surgem na cidade é a leptospirose, devido à quantidade ratos e pombos atraídos pelos grãos. “Estamos estudando uma maneira de solucionar o problema. Talvez fazer com que as empresas transportadoras se responsabilizem pela limpeza das ruas e localidades próximas seja uma idéia boa”, revelou.