Com uma festa que dura mais de uma semana, Paranaguá completa hoje 357 anos. Entre descrições da cidade, hábitos e costumes locais, nesta data alguns parnanguaras comentam características e fatos que fazem da primeira capital do Estado uma cidade para se lembrar.
Em todos os primeiros sábados, a animação é grande nos bailes de fandango no Mercado do Café. Porém, em comemoração a mais um ano de vida, pouco antes de mais um baile, são noites de serestas, teatro, mostras culturais e até um documentário que fazem a festa em Paranaguá. ?Estamos em alto estilo, desde o dia 21 comemorando. Não podemos deixar morrer essa tradição. Paranaguá gosta de festa. O povo espera o dia 29?, conta a presidente da Fundação Municipal de Cultura de Paranaguá, Maria Helena Nízio.
Além de um povo festeiro, os parnanguaras se destacam por manterem muitas outras tradições. ?Paranaguá tem uma riqueza cultural muito grande: temos toda a tradição do fandango, dos violeiros, da bandeira do Divino, da Folia dos Reis e outras atividades populares que estão bem vivas e preservadas?, afirma Maria Helena.
Segundo o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, Alceu Maron, preservada não é somente a cultura. ?Paranaguá é o berço da civilização paranaense. Além de beleza natural e devoção, tem as construções históricas que são o valor do passado, que está praticamente todo preservado. Faz com que os mais velhos se recordem e os mais jovens conheçam?, explica.
Uma outra característica muito forte é o fato de ser uma cidade portuária. Sessenta por cento da população, segundo Maron, vive da atividade. ?É uma influência total em uma economia de prestação de serviço. Nossa população é de 170 mil habitantes e somente de trabalhadores avulsos (estivadores, sacadores) são quase dez mil?, afirma Carlos Elísio, da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA). Porém, essa influência não é somente econômica. ?Se o porto funciona a todo vapor, a cidade sorri. Se o porto vai mal, a cidade chega até a choramingar?, completa Elísio.
Muito mais
A cidade do porto. Da festa de Nossa Senhora do Rocio. Do turismo histórico. De povo feliz e hospitaleiro. Uma cidade com 357 anos certamente tem muito mais. ?É muito ligada à pesca artesanal. O povo daqui gosta muito de ir ao mar. Temos um bom Carnaval. Temos um clube de futebol, o Rio Branco, que tem 92 anos. Temos o mercado do peixe e do artesanato, que é característico de Paranaguá, e temos aqui moças bonitas e brejeiras?, conta Elísio.
O historiador Jorge Domingos Santos vai além ao falar da idade de Paranaguá. ?Nesses 357 anos temos de lembrar todos os fatos, revoluções, poetas, escritores. Tudo o que nasceu e se fez aqui. Para quem passa por aqui todo dia, essa história, vista nos portos, nos casarões da Rua da Praia, faz parte do cotidiano, mas quem vê pela primeira vez fica entusiasmado?, comenta o historiador. Fatos tristes também fazem parte dessa história. ?Nesses anos todos a cidade passou por 12 catástrofes: desde a Peste Negra até a explosão do navio Vicuña, passando pela matança de índio, derramamento de óleo e a cólera. Parece que tem alguma energia muito negativa rondando Paranaguá, que passa para muitos uma imagem que não é a realidade e fica marcado?, lamenta Santos.
Partes tristes ou alegres, hoje ?completa mais um ano de existência e Paranaguá se eterniza por sua história e vivência. Deve ser recordada com a satisfação de seu povo e dos que passam por aqui?, como recomenda Maron.
Feriado, mas não pelo aniversário da cidade
Por ser aniversário da cidade, todo dia 29 costumava ser feriado em Paranaguá. Este ano, no calendário local, essa data no calendário ficou um pouco confusa. Porém, está confirmado: hoje é feriado em Paranaguá, mas não pelo aniversário.
?Todo ano, o dia 29 de julho era feriado na cidade, mas este ano ficou decidido que o feriado seria religioso e transferido para o dia 7 de outubro, dia de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira da cidade?, conta Maria Helena Nízio, presidente da Fundação Municipal de Cultura de Paranaguá.
A notícia da mudança não foi muito bem recebida pela população. ?A cidade inteira ficou confusa. Chegaram a culpar até o prefeito (José Baka Filho), pois desde que Paranaguá é Paranaguá se festeja o dia 29 de julho?, afirma.
Depois de muita confusão e manifestação de indignação de várias classes – comércio, escolas e funcionários públicos -, o feriado ficou fixado, mas por outro motivo. ?Enfim, a Câmara aprovou que hoje é um feriado também: é o Dia do Evangelho, Dia da Bíblia, para o povo não ficar triste?, diz Nízio.
Além de cuidar da festa, a Fundação Cultural teve de ficar responsável pela conscientização de que hoje seria mesmo feriado, para alívio dos moradores. (NF)