Paranaguá não quer mais ser o ?patinho feio? do verão paranaense. Independentemente do grande fluxo de visitação que suas ilhas recebem – principalmente a do Mel, um dos principais destinos dos veranistas no Estado – fato que engorda as estatísticas das pessoas que se dirigem para a cidade, a atual administração aposta suas fichas nas tradições culturais e históricas do município afim de atrair os visitantes para a Paranaguá do continente.
A administração atual ambiciona até mesmo ultrapassar a receita gerada pelo porto, transformando o turismo na principal renda do município. ?O setor é uma mina de ouro mal explorada. Em breve, porém, será auto-sustentável em Paranaguá?, afirma orgulhoso o presidente da Fundação Municipal de Turismo (Fumtur), Rafael Guttierres Júnior.
Superada a má fama adquirida após o acidente com o navio chileno Vicuña, em 15 de novembro de 2004, que teve repercussão nacional e que até hoje faz brotar manchas de óleo em alguns pontos da cidade e de suas ilhas, Paranaguá também comemora o aumento recorde de veranistas que está fazendo a felicidade das cidades da região. ?Mesmo os eventos oficiais, como a festa de Nossa Senhora do Rocio, estão superando todas as nossas expectativas?, afirma o presidente. De acordo com números da Fumtur, em 2005 o acréscimo nas visitas a Paranaguá cresceu mais de 100%, enquanto o embarque para as ilhas saindo da cidade aumentou 70%. ?O Vicuña é um problema superado?, atesta o presidente da Fumtur. Para o Carnaval, a cidade deve receber cerca de 150 mil pessoas.
Para o visitante que chega à cidade pela BR-277, a entrada de Paranaguá ainda parece descuidada, suja e mal sinalizada, principalmente devido à proximidade do porto. Mas a região próxima ao centro histórico já se beneficia do aumento de receita gerada pelo fluxo de visitantes e a alguns projetos de revitalização levados a cabo pela Prefeitura, sendo o principal deles o tratamento da água que antes era despejada como esgoto no Rio Itiberê. ?Até julho iremos garantir não só água de qualidade para as ilhas, mas principalmente o começo da despoluição do rio?, afirma Guttierres. A importância dessa ação é que a única ?praia? da cidade fica exatamente no rio, que também serve de embarque dos turistas para as ilhas da baía.
A Rua da Praia, que corre paralela ao leito do Rio Itiberê e que abriga muitas das edificações históricas de Paranaguá, parece um grande canteiro de obras, onde muitos dos casarões antigos são preparados pela iniciativa privada para se transformar bares, restaurantes e lojas. ?Durante todo o ano passado, através de um projeto da Secretaria de Estado do Turismo e do Ministério do Turismo, treinamos e capacitamos os comerciantes e donos de restaurantes para receber bem o turista e para implementar os serviços?, explica Guttierres, que afirma que já é sensível a mudança no comportamento do empresariado parnanguara.
Prefeitura planeja turismo ecológico
Mas o principal filão do turismo no município continua sendo a visita às ilhas de sua baía. Segundo a Fumtur, entre 300 e 400 pessoas pegam os barcos rumo à Ilha do Mel todos os dias nesta temporada. ?O próximo passo é adotar esse conceito em todas as outras ilhas?, explica Guttierres.
Mas o objetivo é fazer isso sem cometer os erros de outrora, que quase fizeram com que a Ilha do Mel, devido à degradação ambiental, acabasse cortada em duas pelo mar. Sem bater de frente com os órgãos ambientais, a idéia da Prefeitura é estruturar o turismo ecológico, tão em voga no País e com enorme apelo fora do Brasil. ?Estamos devagarinho preparando as comunidades que vivem nesses locais para poderem atender ao visitante, principalmente o estrangeiro, que tem grande apego pelo turismo ecológico.?
Para que o plano dê certo, o primeiro passo é mostrar ao público que esses destinos existem. ?Temos percorrido todas as feiras de turismo nacionais e internacionais que podemos, o que já tem apresentado resultado. Agora, vamos apostar um pouco no público local, criando um rota de barco entre Antonina e Paranaguá?, explica o presidente. Se o ônibus chega a demorar até 1h50 para fazer esse trajeto, por que não ir de barco e levar duas horas, mas se aventurar por um trecho pouco conhecido? Os barcos de passageiros entre as duas cidades, projeto que ainda está em estudos e que deve ser inaugurado ainda em 2006, irá passar por três comunidades: Eufrasina, Europinha e Ilha do Teixeira. ?Criando meios de se chegar a esses locais, o projeto deve alavancar o turismo por lá?, aposta Guttierres. (DD)
Cidade subestima prédios históricos
Contando com uma das povoações mais velhas do Brasil, que remonta a meados de 1500, Paranaguá ainda subestima seus prédios históricos. A cidade tem a mais antiga Catedral do País, um museu de arqueologia e diversos outros prédios e pontos históricos, mas ainda é mais fácil para o turista encontrar placas e cartazes elencando obras do governo do Estado ou da Prefeitura do que informações relevantes que o leve a esses destinos.
Exceção feita ao prédio histórico da Estação Ferroviária, por onde chegam os trens trazendo turistas vindos de Curitiba. ?Já atingimos um nível bom no turismo nesse pouco tempo da nova administração. Mas ainda tem muito o que fazer para Paranaguá chegar no patamar que tem o potencial para atingir?, defende-se Guttierres. (DD)
