Um grupo de turistas de Curitiba viveu no Amazonas, no último domingo, o que eles consideram um verdadeiro milagre. Enquanto navegavam em um barco pequeno, com capacidade para dezessete pessoas, no encontro entre os rios Negro e Solimões, chocaram-se contra uma balsa de 85 metros, a cerca de doze quilômetros da costa. Dez pessoas tiveram apenas ferimentos leves. Pelo menos quatro não sabiam nadar.
?A gente se livrou porque Deus estava conosco?, acredita um dos sobreviventes, Markenson Marques. Ele, a esposa e amigos foram à cidade para um encontro evangélico e, no último dia de viagem, resolveram fazer um passeio de barco para apreciar o famoso encontro das águas. Com o motor desligado, perceberam a aproximação da balsa e tentaram ligar novamente o barco, mas não houve resposta. ?O barqueiro se desesperou, o motor afogou e vimos que não ia dar tempo. Pedi para o pessoal pular do barco, que virou com o choque. Eu e minha esposa ficamos presos debaixo d?água. Eu só podia ouvir o barulho daquela balsa assassina, pensando que ia passar em cima de mim?, relembra o empresário.
O pastor da Igreja Jesus A Solução, Aldo Rocha, que guiava o grupo no congresso, não teve outra alternativa a não ser se lançar à água, mesmo sem saber nadar. ?Pulei e, quando voltei, vi minha esposa. Agarrei no colete salva-vidas dela com tanta força que até rasgou?, relata. A esposa, Iracema Rocha, assim como as tripulantes Rosi de Carvalho e Ruth Diniz da Silva, que também não sabiam nadar, dizem se arrepiar só em lembrar daquele momento. ?Fiquei presa embaixo do barco, mas conseguia respirar, porque minha cabeça estava posicionada em um vão. Daí mergulhei e consegui voltar à superfície?, conta Rosi, emocionada. Os tripulantes José Carvalho Neto, Vinícius de Carvalho e João Brandino da Silva, além do barqueiro e da esposa de Markenson, também se salvaram apoiando-se na embarcação.
O grupo acredita que houve má intenção do comandante que guiava o rebocador da balsa ao passar ao lado do barco. ?Parece que quis nos dar um susto?, afirma o pastor. ?Eles não pararam para prestar socorro, ficaram de braços cruzados vendo a gente se afogar. Depois disseram ao pessoal da Capitania dos Portos que recusamos ajuda.? Cerca de vinte minutos depois, uma embarcação que passava no local retirou-os da água e levou-os de volta à cidade. Os paranaenses vão processar a empresa responsável pela balsa.