Confirmando as previsões, o Paraná registrou o frio mais intenso do ano no início da manhã de ontem. Em função de uma massa de ar polar vinda da Argentina, foram registradas temperaturas negativas em diversos municípios e geada em quase todas as regiões, com exceção do litoral e da área próxima ao estado de São Paulo.
Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, a temperatura mínima mais baixa do Estado foi registrada em Entre Rios, na região de Guarapuava: -5,4ºC. Na Lapa, fez -4,2ºC.
Em Cerro Azul, foi verificado -0,7ºC. Já em Curitiba, a mínima registrada foi de 0,2ºC, sendo esta a temperatura mais baixa do ano na capital pelo segundo dia consecutivo.
A partir de hoje, as temperaturas devem ir aumentando gradativamente até o fim de semana. Hoje, o tempo deve permanecer estável, com poucas nuvens e sem chuva.
Ainda há previsões de geada na capital – onde a temperatura mínima deve ser de 3ºC e a máxima, de 16ºC; em Foz do Iguaçu, na região oeste, que terá temperaturas entre 5ºC e 19ºC; em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, que terá mínima de 1ºC e máxima de 16ºC; e em União da Vitória, no sul, com temperaturas entre 3ºC e 18ºC.
Na capital, a mínima hoje deve ser de 3ºC e a máxima de 16ºC. Em Londrina, no norte, as temperaturas devem ficar entre 5ºC e 20ºC. Já em Paranaguá, no litoral, devem variar entre 11ºC e 19ºC.
População
Em função do frio intenso, muita gente teve preguiça de sair da cama para trabalhar ou estudar na manhã de ontem. Porém, na capital, era possível ver alguns corajosos caminhando em parques e praças.
A maioria vestindo grande quantidade de roupas, como jaquetões, blusas de lã, gorros, luvas e cachecóis. “O frio é muito bem vindo. Apesar da preguiça, levantei às 7h. Dá mais ânimo caminhar com baixa temperatura do que no calor”, disse o professor Osvaldo Martins, que se exercitava no Parque Barigui.
Já o empresário Armando Bertoldo contou que o frio o fez ficar mais tempo na cama. “Normalmente levanto entre 7h30 e 8h. Hoje (ontem), levantei às 9h30. O carro estava congelado na garagem, mas acabou pegando”, brincou.
Perda na colheita de grãos pode chegar a 23%
Leonardo Coleto
As temperaturas baixas registradas no Paraná na madrugada de ontem trouxeram prejuízos para os produtores de hortaliças e do milho safrinha no Estado.
De acordo com Margorete Demarchi, engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), ainda é cedo para afirmar, mas os grãos foram os mais prejudicados com a geada.
Por causa disso, o Estado, que tinha potencial de colher 6,4 milhões de toneladas, colherá 4,9 milhões, 23% a menos do que o estimado. “A seca durante o plantio e as geadas na fase de maturação foram os responsáveis por essa diminuição. Com o frio intenso, pelo menos 65% da área de 1,5 milhão de hectares plantada no Estado será perdida. O restante (35%) já está em estado de maturação e não sofrerá tanto com essa geada. No entanto, acreditamos que mesmo assim apenas 2% de toda a safra estadual poderá ser colhida, pois o frio está apenas começando”, explica a engenheira.
Demarchi afirma ainda que esses 65% correspondem às plantas que ainda estão em desenvolvimento significativo e no estágio de frutificação, por isso a perda. Os 35% restantes representam as plantas que já estão em avançado estado de maturação. “O milho é uma cultura de verão”, lembra.
Sobre as hortaliças, Demarchi conta que são culturas de crescimento r&aa,cute;pido, por isso não devem ser tão prejudicadas. “Quem planta hortaliça aqui usa estufas ou espécies mais tolerantes e sabe dos riscos que o frio causa”, avalia.
Consequências
De acordo com Valério Borba, diretor da divisão técnica da Central de Abastecimento do Paraná S.A. (Ceasa), ainda é cedo para dizer se os preços das hortaliças e frutas comercializadas na Ceasa irão aumentar ou não por conta do frio. “Essa foi apenas a primeira geada. Nos próximos dias faremos um levantamento de como o frio repercutiu na cultura desses produtos no Estado”, esclarece.