Paranaense assume Superintendência da PF

O delegado Maurício Leite Valeixo, 41 anos, assumiu, na semana passada, a Superintendência da Polícia Federal (PF) no Paraná. Antes de assumir o cargo, estava na coordenação de ensino da Academia Nacional de Polícia, em Brasília. Chegou com muitos elogios e um extenso currículo.

Primeiro paranaense a ocupar a superintendência no Estado, ele admite que terá muito mais responsabilidades do que os outros que já passaram pelo posto da PF mais importante no Paraná. Em entrevista a O Estado do Paraná, Valeixo comentou sobre seus desafios, integração entre órgãos da Segurança Pública, espetacularização das operações e o polêmico
uso das algemas em presos.

O Estado – Quais são os principais desafios de sua gestão?

Maurício Valeixo – Nós temos dois desafios. Um é a implementação de ações visando mobilizar ainda mais as parcerias, o trabalho em conjunto com os diversos órgãos envolvidos direta ou indiretamente com a segurança pública. As pessoas acham que isso é muito fácil. Você tem que administrar diversos fatores. Todas as instituições têm suas limitações legais.

Assim como também estar atento às diversas modalidades de ilícitos. O desafio interno está relacionado à parte administrativa. Por muitos anos, a PF foi muito demandada. Realizou inúmeras operações e isto foi evidente pela divulgação da mídia. Mas por um período e por uma questão história, a polícia não estava preocupada com os meios.

Você começa a operar, operar, mas e a questão administrativa, para viabilizar aquela equipe na ponta? Esse desafio interno é estar preocupado também com a questão administrativa. Se eu não cuidar a atividade meio, vai prejudicar a atividade fim. Estamos procurando também melhorar o trabalho e diminuir os custos. Isto é uma política do departamento policial.

OE – O senhor estava trabalhando com a capacitação de policiais. Houve melhora nos últimos anos?

MV – Houve uma melhora que salta aos olhos. Os números são impressionantes. Há muitos anos, o candidato passava no concurso, fazia a academia e passavam-se 30 anos, nunca mais voltava e se aposentava. Depois, começou uma política para incentivar a capacitação.

Hoje, nos últimos dois anos, a Academia Nacional de Polícia atingiu 11.800 alunos em cursos de capacitação. Lógico que às vezes o mesmo policial pode ter feito vários cursos. Quase todo o efetivo teve contato com a capacitação nos últimos anos. E vimos a melhora significativa no trabalho.

OE – Quais serão os investimentos durante a sua gestão?

MV – O que nós estamos focando aqui e o que vamos priorizar neste ano é a delegacia de Guaíra. É a unidade nossa que está, em termos de instalação física, mais prejudicada hoje. Essa preocupação veio no ano passado, mas houve um problema de licitação.

Será aberta novamente. O recurso já está disponível. Já tem projeto, planta, terreno. No final do ano passado, foi inaugurada uma delegacia em Guaíra para crimes praticados por meio do lado de Itaipu, além de servir de unidade para outros órgãos também. As demais unidades da PF estão bem.

OE – Guaíra tornou-se um problema, após um controle mais intenso em Foz do Iguaçu?

MV – Lá houve uma explosão nos números. Como houve um aumento no comércio, houve reflexo ali. Houve uma demanda elevado em termos de flagrantes, em razão de tráfico de armas, munições, drogas. Ali o problema é em toda a região. Sempre estamos atentos.

OE – Nos últimos anos, a PF fez muitas operações. E existe a impressão que houve uma queda. Isso realmente aconteceu?

MV – Em primeiro lugar, e is,so foi muito questionado por diversos setores da sociedade, qualquer operação era um espetáculo. Temos hoje inúmeras operações de mesmo porte ou maiores que não tem essa divulgação em forma de espetáculo. Segundo, nós também estávamos aprendendo com essas grandes operações.

Hoje, estamos focados mais ainda na qualidade das provas. Esse trabalho leva um maior tempo. Houve um aumento significativo das prisões preventivas. Antigamente, havia muitas prisões temporárias. A prisão preventiva significa que estou apresentando uma prova mais robusta para o Judiciário.

Ela exige muito mais elementos do que em uma temporária. Outra preocupação nossa é acompanhar o resultado dessa operação, lá no final, até o último recurso, para saber onde falhamos.

OE – Além da espetacularização, a PF foi questionada sobre a exposição dos presos e o uso das algemas. Qual é a sua opinião a respeito disso?

MV – Penso, antes de tudo, como cidadão. Sempre fui contra a exposição do preso. Houve situação de apresentar preso de pijama. Isso é um desrespeito à legislação e à própria norma da Polícia Federal. Em relação ao uso das algemas, temos que trabalhar de acordo com a lei.

Se for alterada determinada lei e for criado um obstáculo para eu trabalhar, temos que nos adaptar a isso. Se vem uma súmula do Supremo Tribunal Federal, não é minha função questionar. Mas apenas cumprir.

OE – O senhor assume a superintendência aos 41 anos. A juventude ajuda ou atrapalha?

MV – Essa questão de ser mais jovem foi um reflexo da ausência de concurso, por 10 anos, na década de 1980, na PF. Então, perdeu-se pelo menos uma geração. E esta renovação foi verificada em todo o cenário nacional, na própria direção da Polícia Federal.

De modo geral, dos em torno de 12 mil policiais federal, cerca de 11 mil são oriundos a partir de concursos de 1990. O quadro é jovem. Há um remanescente de 15%, no máximo, de concurso antes disso.

OE – O fato de ser paranaense e o primeiro a assumir a superintendência no Estado gera mais responsabilidade para o senhor?

MV – Com certeza gera muito mais responsabilidade. Existe muita expectativa pelo fato de eu ser o primeiro paranaense. Por outro lado, aquela período que todo colega que vem de fora para cá, até conhecer leva tempo. Eu já conheço os diversos caminhos, sou conhecido e isso facilita.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo