Foto: Ciciro Back |
Ticiana Federize é gerente da Farmácia Popular em Curitiba. continua após a publicidade |
O projeto Farmácia Popular do Brasil fornece remédios até 90% mais baratos que os ofertados nas farmácias convencionais. Porém, boa parte dos paranaenses ainda não tem acesso ao benefício. Isso acontece porque – embora o programa exista desde 2005 – apenas 12 municípios do Estado solicitaram ao Ministério da Saúde (MS) a implantação de uma unidade.
A compra de medicamentos nas farmácias populares proporciona uma economia muito valiosa para o bolso do trabalhador. Um bom exemplo é o remédio para gastrite. Nas unidades do governo, 14 cápsulas de omeprazol 20 mg custam R$ 3,22, enquanto nas outras custa cerca de R$ 30,54. No entanto, parece que isso não vem chamando a atenção da maioria dos municípios paranaenses. Até agora, apenas nove deles têm as farmácias instaladas e outros três devem implantar unidades nos próximos meses. Número bem abaixo do Rio Grande do Sul, que já conta com 20 unidades.
O governo federal vem dando prioridade para instalar as farmácias em municípios com mais de 100 mil habitantes. Cerca de 20 cidades paranaenses se encaixam nesse perfil. No entanto, isso não quer dizer que moradores das outras 379 cidades tenham que ficar de fora.
Cornélio Procópio, por exemplo, tem uma população de cerca de 47 mil pessoas e se uniu às demais cidades da região para pedir uma unidade. ?Aproveitamos o consórcio municipal de saúde que já tínhamos. A farmácia recebe cerca de duas mil pessoas por mês. São remédios de qualidade e as pessoas são atendidas por farmacêuticos?, explica a diretora da Secretaria Municipal da Saúde da cidade, Alexsandra Mariucci. A população das outras cidades se desloca até Cornélio Procópio para as consultas com especialistas e aproveita para passar na farmácia.
Sarandi, com cerca de 88 mil habitantes, foi a segunda cidade do Paraná a implantar a farmácia. O prefeito Cido Spada afirma que não existe justificativa para que os municípios não instalem uma unidade. ?Os custos são mínimos?, avalia.
De acordo com Ticiana Federize, gerente da Farmácia Popular em Curitiba, o programa foi criado para atender as pessoas que migraram do Sistema Único de Saúde (SUS) para os planos privados e com dificuldade conseguem manter o atendimento particular. Elas não têm acesso aos remédios distribuídos pelo SUS. Cerca de 25% da população se encaixa nesse perfil.
Processo de instalação é simples
Segundo a gerente da Farmácia Popular do Brasil, em Curitiba, Ticiana Federize, o processo de instalação dessas farmácias é bem simples. Ela confirma ainda que os custos para os municípios são mínimos diante dos benefícios que trazem para apopulação. Basta as prefeituras assinarem um convênio e destinarem o espaço. O governo federal disponibiliza R$ 50 mil para reforma e adaptação dos prédios, dá os móveis, os remédios e R$ 10 mil por mês para ajudar no pagamento dos funcionários. ?Quando bem administrado, o dinheiro que o governo envia é o suficiente?, comenta a gerente.
Os remédios são baratos porque o governo adquire por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em laboratórios públicos e privados do País. Comprando em grande quantidade, é possível reduzir custos, alguns até 90% mais baixos. A lista de medicamentos disponibilizados está de acordo com a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) e leva em conta as prioridades nacionais de saúde, segurança, eficácia terapêutica, a qualidade e a disponibilidade dos remédios. Nas farmácias as pessoas são atendidas por farmacêuticos. As unidades funcionam das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira, e das 8h às 12h, aos sábados.
Capital conta com apenas uma unidade
Em Curitiba, cidade com cerca de 1,7 milhão de habitantes, só existe uma Farmácia Popular. Ela foi implantada pelo governo federal e está instalada na Rua Cândido Lopes, 208, no Centro. São atendidas 1,2 mil pessoas diariamente, mas este número poderia ser bem maior.
A Prefeitura chegou a solicitar a implantação de quatro unidades – que funcionariam através de uma parceria com o governo federal – e ficariam nas Ruas da Cidadania. Mas na última hora o Executivo municipal devolveu a verba enviada pelo Ministério da Saúde.
A superintendente de administração da Secretaria Municipal da Saúde, Edimara Faitszzgmüller, explica que isso aconteceu porque na época o governo também anunciou uma parceria com as farmácias convencionais. Os estabelecimentos venderiam produtos da cesta básica de remédios com descontos. Chegou-se então à conclusão de que a população teria acesso mais fácil aos medicamentos nessas unidades do que se o atendimento fosse feito apenas nas quatro farmácias populares. No entanto, a cesta não veio e as pessoas encontram nesses estabelecimentos remédios para apenas dois tipos de doença: diabetes e pressão. Nas do governo são oferecidos remédios para no mínimo 95 tipos de patologias.
E, pelo visto, não será tão cedo que os curitibanos poderão contar com mais farmácias. De acordo com Edimara, o assunto não está em discussão.