Fotos: Allan Costa Pinto |
Elisabeth Sens e Cláudio Romano: cura abaixo do ideal. continua após a publicidade |
A cada três dias duas, pessoas morrem de tuberculose no Paraná. Dados preliminares mostram que em 2006 apareceram 2.346 novos casos no Estado, o que significa que a cada grupo de 100 mil pessoas, 22,6 pessoas contraíram a doença. O índice de cura ainda não atingiu a meta esperada para que o ciclo de contágio seja interrompido. O ideal seria chegar a 85%, mas o índice estadual ainda é de 72%. Ontem, em Curitiba, representantes de todas as 22 regionais de saúde do Estado e de municípios considerados prioritários discutiram a questão e, até amanhã, tem como meta elaborar estratégias de ação para combater a doença.
No Paraná, apenas dez cidades respondem por 47% do total de novos casos que surgem a cada ano. A doença se concentra principalmente nos grandes centros: Curitiba, Colombo, São José dos Pinhais, Pinhais, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Maringá, Londrina e Paranaguá. Segundo a coordenadora estadual do Programa de Combate a Tuberculose, Elisabeth Sens, essas cidades estão sendo consideradas prioridade pelo governo. ?Estamos fazendo um planejamento estratégico no combate da doença. E mais uma vez, seguindo nossa linha de regionalização, faremos isso de acordo com as diferenças e necessidades específicas de cada região do Paraná, inclusive com metas específicas?, completa o secretário da Saúde, Cláudio Xavier.
O Paraná, como o restante do País, ainda não conseguiu quebrar a cadeia de transmissão. A grande quantidade de casos que aparecem ano a ano, aliado a um nível insatisfatório de cura dos doentes, colaboram para o problema. O índice de cura no Estado é de 72%. O ideal seria de 85%. Além disso, segundo dados preliminares, em 2006, a cada 100 mil habitantes, 22,6 ficaram doentes no Estado, enquanto que o ideal seria menos de 10 habitantes. Mas apesar de os dados serem preocupantes, as ações desenvolvidas no Estado mostram avanços. Em 2004, por exemplo, o índice de pessoas doentes era de 27,7 por cem mil.
Segundo Elisabeth, a interrupção do tratamento pelos pacientes é um dos empecilhos para que o Estado avance mais. No Paraná, cerca de 7,1% dos doentes não concluem o tratamento. Depois que abandonam, são capazes de contaminar entre 10 a 15 outras pessoas num ano. Além disso, se o primeiro tratamento levaria seis meses, a conclusão do posterior pode levar até 18 meses e as chances de cura diminuem.
No Estado, todos os anos cerca de 240 pessoas morrem devido a doença e, no País, esse índice sobe para seis mil. O representante do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, que esteve ontem em Curitiba, Cláudio Romano, disse que um dos problemas que leva a tantas mortes é a falta de diagnóstico precoce. Se a doença é descoberta no início, há 100% de chances de cura. ?É preciso melhorar o atendimento da saúde básica?, explica.
Para isso, diz que o governo vem mapeando as cidades onde o problema é mais significativo e está concentrando esforços, destinando recursos e capacitando os profissionais da saúde em 315 municípios, incluindo os 10 do Paraná. ?A tuberculose está nos grandes centros, nas regiões mais pobres da cidade?, diz.
Mas o problema não é apenas do Brasil: no mundo, todos os anos, aparecem 9 milhões de casos e estão concentrados em apenas 22 países. O Brasil ocupa a 16.ª posição nesse ranking.