Esta semana o setor de entomologia da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) começa a entregar os primeiros resultados de uma pesquisa sobre a transmissão da leishmaniose tegumentar americana. Se a doença não for tratada, pode causar lesões no nariz e boca irreversíveis. No Paraná, se concentram 98% dos casos de toda a região sul. Os insetos que transmitem o protozoário causador da patologia são encontrados, principalmente, na região norte, noroeste, oeste e Vale do Ribeira. A partir do estudo, a Sesa vai elaborar estratégias específicas para combater o problema.
Segundo dados da Universidade Estadual de Maringá (UEM) de 1980 até a 2004 foram registrados no Estado 14.668 casos, quase a totalidade do ocorrido em toda a região sul. A leishmaniose tegumentar americana é transmitida pelo inseto flebotomineo quando está contaminado com o parasita que causa a doença. O inseto é conhecido pela população como mosquito palha, birigui e asa branca.
A princípio, a picada é parecida com a de outros insetos. Ela forma uma bolinha vermelha no local. Mas com o passar dos dias não desaparece. Começa a formar uma ferida, que se abre, lembrando uma cratera lunar. Geralmente as pessoas só procuram ajuda quando ela chega ao tamanho de uma moeda de R$ 1. O problema é que aí o tratamento fica muito mais caro e dolorido. São exigidos doses diárias de medicamentos, aplicados através de injeções e isto pode durar entre 40 e 60 dias, dependendo do quadro da doença e da resposta do paciente. Além disto, é proibida a ingestão de álcool.
Também há casos em que as pessoas não procuram ajudam e a ferida, que é indolor, desaparece sozinha. Mas o protozoário vai para a corrente sangüínea e anos mais tarde ataca a cartilagem da boca e nariz, podendo causar vários estragos como a destruição do septo. ?Mas isto dificilmente acontece?, diz a professora adjunta da disciplina de Imunologia Clínica, do Departamento de Análise Clínica, da Universidade Estadual de Maringá, Thaís Silveira, explicando que hoje em dias as pessoas não deixam a situação chegar a este ponto, geralmente procuram ajuda. Mas nesta o tratamento é bem mais trabalhoso.
Segundo a pesquisa, o parasita costuma circular entre os animais silvestres, mas o homem acabou entrando neste ciclo. O desmatamento colaborou para isto, o flebotomineo começou a procurar animais domesticados e acabou se aproximando do homem. Outro fator é a proximidade das pessoas com as matas. O ideal é construir casas longe de áreas de florestas. Os flebotomineos geralmente atacam à noite. Para se proteger, as pessoas devem usar calças e blusas de manga comprida.
