?A probabilidade de ocorrência de emergências ambientais, decorrentes de acidentes em empreendimentos industriais e/ou de prestação de serviços considerados potencialmente impactantes pela legislação vigente, cresce na mesma proporção da demanda por bens e serviços.? A constatação é resultado de um trabalho inédito de mapeamento de zonas de risco ambiental realizado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Paraná (Sema).
No início de 2003, o secretário Luiz Eduardo Cheida pediu aos responsáveis pelos vinte escritórios regionais do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para que apontassem -em suas áreas de abrangência – no mínimo dez locais de maiores riscos ambientais. No final do mesmo ano, chegou-se à constatação de 418 zonas de risco em 194 municípios paranaenses. Atualmente, elas compõem um mapa que norteia trabalhos voltados à precaução de acidentes de maiores proporções. ?A prevenção é o único instrumento que temos para preservar o meio ambiente. Depois que um acidente acontece, reparar os danos é muito difícil e fazer com que o meio ambiente volte ao equilíbrio é quase impossível?, comenta Cheida.
Entre os riscos identificados estão lixões a céu aberto nas proximidades de rios; pontes e curvas perigosas existentes em bacias fluviais; presença de depósitos irregulares de agrotóxicos; empresas que despejam seus resíduos nas águas dos rios descaso e poluição de nascentes; entre outros. ?Os riscos são diversos e o que existe no Paraná não é diferente do que existe atualmente no mundo. Porém, somos o único estado a realizar um mapeamento tão amplo e começar a trabalhar para que as situações possam ser melhor adequadas, minimizando os riscos existentes, e evitando que outros problemas apareçam?, explica o secretário.
A partir das informações coletadas e da confecção do mapa, alguns trabalhos de adequação já começaram a ser realizados e alguns pontos que se encontravam degradados também já estão recebendo atenção dos órgãos de preservação. Muitas das empresas privadas identificadas como zonas de risco foram visitadas. Com isso, a Sema descobriu que grande parte delas não possuía licença de operação. ?O que fizemos foi dar início a um trabalho de habilitação destas empresas, regularizando-as?, diz.
Mortandade de peixes
Uma das áreas sensíveis a riscos ambientais existente no Paraná é o Rio Passaúna. Prova disso é que, há cerca de duas semanas, foi verificada uma mortandade de peixes na altura da PR-423, no município de Araucária. Foram encontrados mortos bagres, cascudos e carpas. A população ficou proibida de pescar no local e de utilizar os animais na alimentação.
?Um produto químico foi despejado nas águas do Passaúna através de um de seus afluentes. Ainda não identificamos que produto químico é esse, nem os responsáveis pelo despejo?, conta o secretário municipal do Meio Ambiente de Araucária, Genésio Felipe de Natividade.
Apesar do ocorrido nos últimos dias, o Passaúna está bastante comprometido pela poluição. Muito esgoto é despejado nas águas, assim como lixo das populações ribeirinhas. ?Estamos estudando a relocação de moradores de fundos de vales, a criação de programas de educação ambiental e maiores investimentos em saneamento. Porém, a solução do problema deve ocorrer através da parceria com municípios vizinhos, como Curitiba e Campo Largo?, diz Genésio.
Também são áreas sensíveis a risco o Parque Estadual do Rio Guarani, no município de Três Barras do Paraná, na região Sudoeste, onde há despejo de esgoto em água fluvial; o Rio Pindaúva, em Ivaiporã, na região Central, que fica próximo a um lixão a céu aberto; entre outras. (CV)