Haja vinagre!

Paraná reforça o estoque de vinagre para tratar ataques de água-viva

Foto: Colaboração/Rodrigo José Tozin.

Pescadores, surfistas e comunidades ribeirinhas do Litoral do Paraná estão ajudando o governo do Estado a monitorar o comportamento das águas-vivas nas praias paranaenses. Nas últimas temporadas,
os banhistas sofreram com “ataques” do animal e foi preciso muito vinagre para aliviar a irritação.

Para a temporada 2016/2017, um monitoramento feito ao longo do ano ajuda a estabelecer um
padrão de atendimento na alta-temporada, aliado a uma compra extra de vinagre para abastecer os
postos de saúde e de salva-vidas. O monitoramento das águas-vivas foi feito principalmente em ilhas distantes da costa, como Ilha do Mel e Superagui. Segundo Emanuel Marques da Silva, biólogo
da Sesa, por enquanto os pescadores e a secretaria têm observado uma frequência normal nos
animais. Por isso, a pasta estima que a incidência de águas-vivas na costa será similar à média da
temporada 2015/2016, quando 14.028 pessoas tiveram contato com o animal, em maior ou menor
grau de gravidade.

Prevenção

  • Aproveitar o mar em áreas cobertas por salva-vidas
  • Perguntar ao guarda local sobre a presença de água-viva
  • Sair da água imediatamente ao avistar uma
  • Evitar entrar no mar sozinho ou à noite
  • Não tocar nos animais mesmo se estiverem na areia

Márcia Machado, diretora de vigilância da Saúde de Matinhos, corrobora. “Esse ano deve manter a regularidade. Monitoramos durante o ano com os pescadores a atividade das águas-vivas, quanto eles recolhem as redes. É a mesma quantidade do ano passado. A água-viva tem fase de maior incidência nos próximos dias. Quando o verão começa a ficar a pico, elas começam a diminuir. Elas gostam de águas mornas, nem muito quentes nem frias”.

No entanto, essa previsão é baseada na normalidade de condições atmosféricas e marítimas. “Obviamente, isso depende do ambiente. Um vendaval grande, por exemplo, com ressaca no mar, pode trazer uma corrente de águas-vivas para perto das pessoas. As águas-vivas costumam passar pelas correntes externas do mar. Quando acontece alteração no fluxo dessas correntes, pode ser que sejam deslocadas. Esse fato é imprevisível”, conta o biólogo.

Muitos casos

Os casos do último verão (2015/2016) cresceram 82,3% em relação à temporada anterior, com mais de
14 mil pessoas atingidas. Mas houve diminuição, por exemplo, do verão 2011/2012, quando 21 mil casos foram registrados no Paraná. No verão 2014/2015, foram apenas 2,4 mil casos, inferior aos incidentes
registrados somente em Guaratuba na temporada passada (2,5 mil). As maiores ocorrências do último verão foram registradas em Matinhos, com 6 mil casos. Pontal do Paraná também teve um número elevado de veranistas atingidos: 5,2 mil.

  • Buscar atendimento imediato de um posto de saúde ou de observação dos salva-vidas e lavar o local do contato com a própria água do mar ou vinagre, que têm poder para remover os agentes que causam irritação da pele.
  • Casos mais graves, quando o contato com a água-viva acontece em uma grande área do corpo, e de pessoas alérgicas, devem ser encaminhados aos serviços de saúde para tratamento prolongado e acompanhamento médico.

Água doce não, use vinagre!

Para combater possíveis anormalidades, o governo do Paraná reforçou o estoque de vinagre em pelo menos 600 litros para esse verão. Eles estão sendo distribuídos em unidades de saúde do litoral. O efeito do vinagre como medida de cuidado é da literatura médica mundial, explica o biólogo da Sesa. “Essa é uma recomendação em nível global. O vinagre ajuda no bloqueio da inoculação da toxina, na redução
do envenenamento. E também na dor imediata e local, diminui os sintomas. A gente fala em queimadura
porque essa é a sensação. Na verdade, é um envenenamento momentâneo”, explica.

Mas essa medida não vale ara casos moderados, de pessoas sensíveis à intoxicação. Para essa classe, o contato pode causar reações intensas, como náuseas, vômitos ou dificuldade para respirar. Assim, a vítima deve buscar atendimento de saúde imediato.

Já a limpeza do local infectado com água doce, ou mineral, pode ser extremamente prejudicial ao tratamento e deve ser evitada a qualquer custo. Esse contato pode “potencializar” ainda mais o efeito da queimadura. “A água doce nesse tipo de ferimento tem efeito contrário, ela ajuda a injetar o veneno na pessoa. Pode piorar, não melhorar”, afirma o biólogo.

A prefeitura de Matinhos, cidade mais impactada do ano passado, já se organizou para o verão com 120 litros extras de vinagre além dos fornecidos pelo Estado. De acordo com a Sesa, a distribuição é feita de maneira igualitária nos municípios do litoral.

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