Paraná reduz mortes por infecção generalizada

Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) dos hospitais públicos do Paraná, a Sepse (infecção generalizada) matava, até o final de 2005, 70 de cada cem pacientes. De janeiro deste ano até agora, o Programa de Otimização do Tratamento da Síndrome Séptica (POTTS) fez reduzir o índice de mortalidade de 70% para 50% – mesmo percentual dos hospitais da rede privada. O projeto piloto, implantado em parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Hospital de Clínicas (HC) e a Associação Brasileira de Medicina Intensiva (AMIB), será apresentado hoje, na ?Escola de Governo?.

O programa, um investimento de R$ 4,5 milhões, ainda em fase de estudo, está presente em quatro hospitais no Estado: HC e Hospital do Trabalhador, onde a taxa de mortalidade pela doença era de 60%, Hospital Estadual de Cascavel, 90%, e Hospital Estadual de Londrina, 70%. Em média, já foram atendidos 170 pacientes com a doença. ?Hoje o Paraná é pioneiro no País nesse tipo de programa. Estamos sendo exemplo para outros estados. Nossa intenção é, em breve, reproduzir esse projeto a todo o Estado?, diz Luiz Fernando Ribas, diretor da Central de Medicamentos da Sesa.

A alta taxa de mortalidade, a lentidão no diagnóstico do problema e a diferença de índices e tratamento entre hospitais públicos e privados foram fatores que motivaram a implantação do programa. Como explica o chefe da UTI do HC e membro da AMIB, Álvaro Réa Neto, a Sepse não é uma doença nova. Já era conhecida como infecção generalizada e o fato de causar a disfunção de órgãos vitais era associado ao termo ?falência múltipla de órgãos?. ?Os índices da doença mostravam que algo precisava ser feito?, afirma.

Segundo Neto, um terço dos pacientes internados nas UTIs dos hospitais públicos do país têm Sepse. Geralmente a doença é identificada tardiamente, o que aumenta a probabilidade de morte. ?Isso acontece nos hospitais públicos porque os serviços de atendimento estão lotados, faltam vagas nas UTIs e demais leitos e os pacientes demoram a ser atendidos. O paciente com Sepse precisa estar internado em um leito de UTI. Se chegar tarde, não recebe o tratamento adequado e a chance de morte não diminui?, alerta.

Programa

O Potts visa identificar mais rapidamente o doente com sepse grave ou choque séptico, no pronto-atendimento, serviços de emergência ou nas enfermarias dos hospitais públicos do Estado. ?Uma vez identificada, o programa prevê um pacote de intervenções terapêuticas que já mostraram reduzir até 20% a taxa de mortalidade quando aplicado?, cita Neto. Ele esclarece que o ?pacote? prevê ações como: controle rápido do choque com administração do soro; controle metabólico e hormonal; ventilação mecânica para proteger o pulmão; e administração do remédio específico para doença, o anticoagulante e antiinflamatório Alfa Drotrecogina.

Ainda de acordo com o médico, a doença requer muita atenção. Porém, infelizmente, ainda é preciso um programa que eduque a população para que saiba identificar os ?sinais? da Sepse e procurar em tempo ajuda médica. Os sintomas, segundo ele, aparecem com a suspeita de infecção de qualquer natureza e febre, seguidas de confusão mental, diminuição da pressão arterial, diminuição no volume de urina, falta de ar ou ainda aparecimento de manchas. ?As pessoas precisam saber que a doença é séria e muito freqüente e que esses sinais não devem ser banalizados?, orienta.

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