Já são 25 as mortes causadas pela influenza A (H1N1), a gripe suína, no Paraná. Os dados foram atualizados ontem pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), com 21 novos óbitos.

O número de casos confirmados saltou de 180 divulgado na semana passada para 601, com a agilidade permitida desde que o Laboratório Central do Paraná (Lacen-PR) começou a fazer os exames do Estado, no fim de julho.

São Paulo divulgou mais 13 mortes, elevando para 50 o total no estado; e o Rio de Janeiro registrou mais três óbitos. Com essa atualização, sobem para 129 as mortes no Brasil causadas pela nova gripe.

Do total de vítimas fatais registradas até o momento no Paraná, a maior parte está em Curitiba e região (veja mapa). O detalhamento desses casos será divulgado hoje, em novo boletim epidemiológico, que agora vai sair todas as segundas, quartas e sextas-feiras.

Até ontem, mesmo com a confirmação de morte por H1N1 no Lacen-PR, o Estado precisava de validação do Ministério da Saúde para divulgar os óbitos. Ontem foi feito um acordo informal para que o Paraná possa divulgar as novas mortes que surgirem sem precisar aguardar confirmação do governo federal.

“Não queremos deixar as informações guardadas dentro da gaveta de relatório. Vamos manter a transparência de informações”, enfatizou o secretário estadual da Saúde, Gilberto Martin.

Nesta fase de enfrentamento da pandemia, com o vírus dentro do território nacional, o número de casos confirmados não é considerado mais tão importante quando no início do aparecimento da doença. Isso fez com que o Paraná anunciasse ontem a mudança do critério para que o exame seja feito.

“A partir de agora será coletado material apenas de casos graves que estejam em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que requerem internamento ou de óbitos”, explicou Martin. O restante de casos será feito por amostragem. “Para o paciente, a coleta para o exame significa muito pouco. Não é a confirmação que vai conduzir o tratamento”, completou Martin.

Preocupação

Para tranqüilizar a população, Martin afirmou que pelo menos 98% dos pacientes que contraem o H1N1 vão ter evolução benigna e muitos serão até assintomáticos.

“Para esses casos, o medicamento é completamente dispensável”, disse Martin, que demonstrou preocupação sobre como a população tem recebido os dados sobre a gripe suína. “É uma instabilidade que beira à histeria. Alguém sente febre e já entra em desespero e isso não corresponde ao tamanho do problema. Não podemos transformá-lo em um monstro maior do que é”, opinou.

Por outro lado, o secretário admitiu que, até o aparecimento do novo vírus, neste ano, ninguém de 20 a 30 anos, sem outras complicações de saúde, morreria de gripe.

 “Vamos enfrentar essa situação até a vacina chegar, no início de 2010. Então, não há necessidade de medidas drásticas, como fechamento de shoppings, pois não podemos ficar com nossa vida parada ate lá”, disse.

Protocolo não será flexibilizado

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o secretário estadual da Saúde, Gilberto Martin, afirmaram ontem em Curitiba que não vai haver mudança nem flexibilização do protocolo do Ministério da Saúde sobre a prescrição do Tamiflu, usado no combate à doença. Um dia antes, quem falou em flexibilizar o protocolo foi o próprio secretário.

Pelo protocolo, o Tamiflu – antiviral usado para combate da nova gripe -, é receitado para pacientes pertencentes ao grupo de risco ou que já estejam com um quadro clínico agravado. No entanto, a eficácia máxima do remédio só ocorre nas 48 horas iniciais de aparecimento dos sintomas.

O Ministério da Saúde vai acrescentar ao protocolo já existente que toda prescrição fora das recomenda&cced,il;ões do governo federal, que segue a Organização Mundial de Saúde (OMS), vai ser de responsabilidade do médico e da autoridade sanitária local.

“Para o enfrentamento da doença, é imprescindível que se siga um único padrão. Essa epidemia vai longe e se tivermos um vírus resistente ao remédio na hora em que a doença intensificar, teremos um grande problema”, recuou Martin, que garantiu que não houve pressão ministerial para voltar atrás na decisão anterior do Paraná.

“Muitas vezes, o médico quer prescrever o medicamento como forma de segurança. Mas vamos continuar discutindo a questão com entidades médicas”, completou.

Temporão voltou a afirmar que o uso indiscriminado do medicamento pode significar abrir mão da única arma que se possui, no momento, para enfrentar a doença. “Em hipótese alguma pode haver banalização do remédio, pelos efeitos colaterais que pode causar e pela mutação que o vírus pode sofrer, causando resistência.

O médico responsável vai interpretar cada caso, sim, mas vai continuar dentro do padrão estabelecido pelo protocolo”, determinou. Não faltam medicamentos, segundo garantiu o secretário do Paraná.

“Desde o início da pandemia, temos doses suficientes para mais de 13,6 mil pessoas e nem a metade disso ainda foi gasto. O que pode estar havendo é falha de comunicação entre quem prescreve e quem autoriza, mas não falta do medicamento”, acredita.

O secretário completou que, até agora o H1N1 não mostrou mais agressividade ou maior letalidade que o vírus da gripe comum e que ainda não se pode prever o futuro da doença. Para Martin, falta de ar e febre alta com início abrupto são os dois indicadores clínicos considerados de risco para o agravamento do caso.

Recursos para combater a doença

O Paraná deve receber R$ 6 milhões nos próximos três meses para o enfrentamento da pandemia, além de R$ 600 mil em equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas.

A verba será utilizada integralmente para hospitais com leitos e internações de pacientes da nova gripe. O Ministério da Saúde vai também disponibilizar para os hospitais de referência do Paraná 11 kits contendo oxímetros, respiradores e monitores, que auxiliarão nos casos de internamentos pela suspeita da nova gripe.

O repasse foi anunciado ontem pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que esteve em Curitiba para a inauguração da unidade da Fiocruz na capital a primeira do Sul do Brasil, que, além de diagnóstico de HIV e hepatite C, vai poder realizar, dentro de alguns meses, diagnóstico para o H1N1.

Com a expansão da rede de laboratórios, Temporão acredita que o Brasil vai ganhar mais capacidade de competir com outros países para a produção dos insumos necessários para conter a nova gripe.

“Todos os países do mundo estão hoje na dependência de um seleto grupo de empresas multinacionais, seja para o kit de coleta, para o medicamento ou para produção da vacina da nova gripe”, afirmou.

Além dos recursos para combater a nova gripe, Temporão divulgou o repasse de mais R$ 123 milhões para a construção de 30 unidades de pronto-atendimento no Paraná, das quais 15 serão inauguradas ainda este ano e o restante em 2010.