Desde o início da campanha de mobilização “Fique Sabendo” para testes anti-HIV, iniciada há 10 dias, 2.676 paranaenses já realizaram o procedimento de identificação do vírus. A expectativa é que cerca de 1% da população procure as unidades de saúde para a realização do teste, cujos resultados até o momento, ainda parciais, identificaram 17 resultados positivos. A quantidade está dentro da estatística prevista pela Secretaria de Saúde, estima que haja até 20 mil pessoas no Estado que desconhecem sua condição sorológica. O levantamento corresponde apenas a nove regionais de saúde dos Estado.
“Continuamos insistindo para que a população procure as unidades de saúde e realizem o teste. Os resultados apresentados até o momento nos mostram que há realmente pessoas que desconhecem sua condição sorológica. Lembramos que o diagnóstico precoce é a melhor arma contra a doença” ressalta, Gilberto Martin, secretário estadual de Saúde.
Para Denise Serafim, assessora técnica do programa nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, a procura tem apresentado resultados satisfatórios. “Percebemos uma busca favorável pelo teste até o momento. A campanha está atingindo o objetivo desejado”, relata. Já Francisco dos Santos, coordenador do programa de DST/Aids da Secretaria de Saúde, afirma que a expectativa era de que adolescentes entre 13 e 19 anos representem a maior parcela interessada na realização do teste.
“Dados epidemiológicos comprovam que nessa faixa etária é que ocorre a maior parte das contaminações, principalmente em meninas. O fato se dá em função de que nessa idade eles não têm consciência da gravidade da doença. Muitos deles não se previnem adequadamente e não procuram ajuda em caso de suspeita de contaminação. Conseqüentemente o diagnóstico acaba sendo tardio quando já se encontram com a saúde debilitada”, explica Francisco.
Os resultados revelaram, no entanto, que a procura nessa idade não foi tão grande quanto o esperado, com apenas 198 procedimentos registrados, mas nenhum deles apresentou resultado positivo. “Para evitar o aumento de incidência da doença na adolescência, a Secretaria tem buscado investir em programas e parcerias que realizem um trabalho de prevenção e conscientização especificamente voltada a esse público”, acrescenta Wilsa Regina Amaral, técnica de vigilância epidemiológica.
Denise Serafim explica que é preciso realizar um trabalho constante entre adolescentes e jovens, encorajando-os com relação a um assunto delicado como é a aids. “A campanha de mobilização é apenas mais uma estratégia do Ministério da Saúde a fim de alcançar esse público e os estimular a procurarem os testes e se prevenir contra a doença”, completa.
Mulheres interessadas
A maior procura pelos testes se deu na faixa etária entre 20 e 39 anos. Esse público foi responsável por 1462 dos 2676 testes realizados. As mulheres foram as que mais procuraram o teste, representando 64 %. Nessa mesma faixa etária é que se concentraram 12 dos 17 testes HIV positivo identificado: 8 do sexo masculino e 4 feminino.
“Nessa idade, a população já está mais consciente dos riscos provenientes da aids e procuram conhecer sua condição sorológica. A maior parte daqueles que apresentam resultados positivos é contaminada durante a adolescência, mas só bem mais tarde descobrem que são portadores da doença”, destaca Francisco dos Santos.
Os outros cinco portadores identificados ocorreram na faixa etária acima de 40 anos. Dois homens e 3 mulheres apresentaram HIV positivo. Essa população corresponde a 559 dos testes aplicados nesses 10 dias. O restante dos testes, foram aplicados em gestantes, totalizando 47 procedimentos, todos negativos.
Desistência
Através do levantamento apresentado, foi possível observar que cerca de 105 pessoas desistiram do teste. Essa parcela da população não completou o procedimento, participando apenas do pré-teste. Nessa etapa, profissionais de saúde ministram explicações sobre a Aids, quais as formas de contaminação e prevenção da doença bem como qual a forma de lidar com ela.
Dos 2646 atendidos, 2379 foram submetidos ao teste rápido e 267 ao convencional. Após a realização, todos foram encaminhados ao pós-teste. Nesse momento, os indivíduos que passaram pelo teste são orientados em função da sua condição sorológica.
“Os que apresentam resultado positivo são aconselhados individualmente por profissionais de saúde a fazerem o controle da doença. Já em caso de sorologia negativa, o indivíduo participa de uma palestra que reforça o que deve ser feito para manter essa condição sorológica. Na palestra é reforçado as formas de prevenção e aconselha-se que as pessoas evitem se envolver em condições consideradas de risco”, explica Wilsa.
A campanha de mobilização segue até dia 15 de outubro em todo Estado. Aqueles que desejam realizar o teste devem procurar uma unidade de saúde que esteja participando da mobilização no site www.saude.pr.gov.br. Qualquer pessoa que tenha sido exposta a situação de risco, tais como, compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas, ou ter mantido relações sexuais sem o uso de preservativo devem procurar o teste. Através dele é possível descobrir mais cedo que é portador do vírus, o que proporciona o acesso mais cedo ao tratamento e conseqüentemente garante melhor qualidade de vida ao portador de HIV positivo.
Doença
O primeiro caso confirmado no Brasil ocorreu em 1980 e no Paraná em 1984. A aids se manifesta após a infecção do organismo pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). O vírus destrói os linfócitos – células que fazem a defesa de organismo. Com isso, a pessoa com HIV torna-se vulnerável a doenças oportunistas.
O indivíduo infectado pode ficar até 10 anos sem manifestar sintomas, o que facilita a transmissão involuntária. A principal forma de prevenção é evitar situações de risco, como manter relação sexual sem o uso do preservativo e compartilhar agulhas e seringas.