Cilene da Costa e Silva, 64 anos, tinha um compromisso muito importante ontem. Enfrentou o frio e a garoa que caiu durante a tarde em Curitiba, para participar da campanha nacional de vacinação contra a gripe. Ela sabe que os idosos são mais vulneráveis à doença, que pode trazer várias complicações como a pneumonia. A campanha vai até o dia 6 de maio e a meta da Secretária de Estado da Saúde (Sesa) é vacinar quase a totalidade da população com 60 anos ou mais que vivem no Paraná: 854.840.
A campanha foi aberta na capital pelo secretário municipal da Saúde, Michele Caputo Neto. Só nas duas primeiras horas foram vacinadas cerca de 400 pessoas no posto instalado na Boca Maldita. O secretário lembrou que a eficácia da vacina está comprovada pela redução, da ordem de 30%, do número de internamentos hospitalares por pneumonia. Foi sabendo disso que Cilene procurou o posto de saúde logo no primeiro dia. ?Não quis esperar mais, se não podia esquecer. Desde que comecei a tomar, não tive mais gripes?, explica.
Na capital, os números revelam que os idosos entenderam a importância da vacina. Em 2004, 97% deles participaram da campanha e Caputo espera repetir o mesmo desempenho este ano. ?Os bons resultados em saúde se alcançam com vacinação de rotina e boas coberturas vacinais,? disse. Estima-se que vivam hoje em Curitiba 147.979 idosos.
A meta do governo do Estado também é atingir a quase totalidade da população de idosos. Para dar conta do trabalho, vão estar funcionado 2,1 mil postos de saúde e cerca de 9,7 mil pessoas vão estar envolvidas na campanha.
Complicações
Geralmente a gripe é curada espontaneamente, em uma semana. Mas os pacientes idosos mantêm, em geral, a infecção por semanas e podem apresentar complicações. As mais freqüentes são a pneumonia bacteriana, a pneumonia viral primária e o agravamento de doenças crônicas pré-existentes. Daí a necessidade de vacinação.
A vacina contra a gripe é produzida com base em três cepas (subtipos de vírus) de maior circulação no Hemisfério Sul. Ela diminui em 90% dos casos o risco de contrair a gripe. Deve ser tomada anualmente porque, a cada ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica a composição da vacina conforme os tipos de vírus em circulação
Além de melhorar a qualidade de vida dos idosos, a vacinação também diminui os gastos com internamentos. Estudos internacionais indicam que ela provoca redução da mortalidade em até 50% entre os idosos. Além de reduzir em 19% o risco de hospitalização por doença cardíaca e em até 23% do risco de doenças cerebrovasculares.
Vigilância para evitar epidemia
O Brasil está aperfeiçoando o sistema de vigilância em saúde para impedir a entrada de novos vírus da gripe. A medida tem por meta evitar uma epidemia, como alertam alguns especialistas internacionais. O anúncio foi feito ontem, no Recife, pelo ministro da Saúde, Humberto Costa. Ele lançou no Bairro da Boa Viagem a sexta edição da Campanha de Vacinação de Idosos contra a Gripe.
Na capital pernambucana, a Prefeitura pretende imunizar contra o vírus influenza, transmissor da gripe, 100 mil pessoas.
As doses enviadas pelo Ministério da Saúde estão disponíveis em 1.900 postos do Estado, das 8 às 17h. Além da vacina contra a gripe, os idosos também poderão ser imunizados contra pneumonia, difteria e tétano.
No Rio de Janeiro, a meta é alcançar uma cobertura de 70%, o que significa imunizar 1.145.646 pessoas maiores de 60 anos em todo o território fluminense. A campanha se estenderá até o dia 6 de maio e tem como slogan ?Ter Saúde é o Que Importa. Vacine-se Contra a Gripe?. A população-alvo é de mais de 1,5 milhão de idosos.
A Campanha Nacional de Vacinação do Idoso deve imunizar só em São Paulo 2,4 milhões de pessoas com idade acima de 60 anos, que representam 70% do total de 3,5 milhões de idosos do estado. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, em 2004 a campanha superou as previsões e foram vacinados 78% dos idosos.
Gastos
Para atender a toda a população idosa do País o governo gastou 104 milhões com a compra de vacinas contra o vírus influenza, que causa a gripe. Além disso, os idosos também vão receber doses contra a difteria e o tétano. No ano passado, o País superou a meta, vacinando 85% da população com mais de 60 anos. Este contingente representa 8,6% do total de habitantes do País.
É recomendada mesmo para cardíacos, asmáticos, diabéticos, hipertensos, doentes de insuficiência renal ou hepática, portadores do HIV e de doenças neurológicas crônico-degenerativas (Parkinson ou Alzheimer).