Quem anda pelos bairros da Grande Curitiba passa diariamente por várias ruas com problemas de buracos, que mais parecem uma colcha de retalhos. A situação se espalha por todos os cantos, mas sua solução esbarra na limitação dos orçamentos. Para mapear os problemas e cobrar providências das prefeituras, a Tribuna e o Paraná Online lançam hoje o projeto Caça-buracos.
Com a participação da população, vamos construir um mapa colaborativo que será constantemente atualizado no www.cacaburacos.com.br. Há quatro formas de participar. Pelo site é possível enviar fotos e informações dos buracos que atrapalham seu trajeto. Se você estiver diante de um deles e entrar no site usando smartphone com GPS ativado, é possível acessar a câmera do telefone celular, fotografar o ponto e mandar os dados com a localização exata para a redação. Também é possível participar pelo Whatsapp da Tribuna: (41) 9683-9504. Basta informar endereço e anexar foto. Ou ainda repassar dados e imagem pelo e-mail buracos@tribunadoparana.com.br
Todas as reclamações recebidas pela redação serão repassadas às prefeituras. Quando o problema for resolvido, incluiremos a informação do reparo no mapa online. No site é possível consultar o tempo de espera pela solução e fazer buscas com filtros de bairros, cidades, problemas resolvidos ou não, além de descobrir os bairros da capital com mais buracos mapeados. Problemas nas ruas apontados pelos moradores também vão virar matérias na Tribuna e Paraná Online.
A participação da comunidade na fiscalização sobre as condições das ruas de Curitiba é fundamental para que as demandas cheguem à prefeitura. É possível solicitar melhorias pela Central 156, junto às administrações regionais e durante as audiências públicas para debater o orçamento. No ano passado, a pavimentação foi o tema mais abordado.
Cansados de tapa-buracos!
No Tarumã, moradores e pessoas que trabalham pela região reclamam das condições das ruas. Com tráfego intenso de carros e ônibus, eles afirmam que a manutenção não é suficiente. “É uma coisa de louco, ao invés de colocarem asfalto novo só fazem o recapeamento. Mas ficam bolas que racham e volta o buraco. O conserto só dura 30 dias. Não sei por que a prefeitura não investe mais”, afirma a empresária Tânia Ribeiro, que trabalha na Rua Polli Coelho.
Para o instrutor de autoescola Edson Ignácio, mesmo atrapalhando as aulas, as condições das ruas preparam os futuros motoristas. “Tem os dois lados: prejudica porque o aluno ainda não tem a agilidade e experiência para desviar dos buracos, mas também assim ele enfrenta a realidade que vai encontrar no dia a dia na cidade toda”.
Na Rua Diogenes Ridgley Raciop, o aposentado Mauro Iakubiu convive com o problema desde 2006. Na rua onde ele mora, são vários buracos que ele mesmo tenta tampar. “Aqui passa muito caminhão, a gente queria fechar a rua e nos comprometemos a asfaltar, mas até agora nada. Mas fazem o provisório, se tivesse um serviço decente estaria bom até hoje e estariam economizando”, critica.
“Não podemos parar de fazer o tapa-buracos, senão a situação fica pior. Muita gente fala que estamos jogando dinheiro fora, mas o custo para fazer o tapa-buracos é dez vezes mais barato que a pavimentação definitiva. Por isso temos que ter recursos externos para fazer uma rua nova e continuar tapando os buracos existentes”, pondera o assessor técnico da Secretaria de Governo, Luciano Canto. Em média, a instalação de um quilômetro de pavimentação definitiva custa R$ 4,5 milhõ,es. Já para o pavimento alternativo, que substitui o antipó, o valor do quilômetro é R$ 1,2 milhão.
Falta verba pra pavimentar
Segundo a prefeitura da capital, a manutenção das ruas é cara e geralmente o município depende de financiamentos externos para realizar o serviço. Porém, os recursos são disponibilizados, na maioria das vezes, com prioridade para grandes obras, deixando de lado recuperações pontuais e operações tapa-buracos. Soma-se a isso uma malha antiga que ainda resta, vulnerável aos períodos de chuva e sem capacidade para comportar o tráfego de veículos que cresce a cada dia.
“Grande parte do pavimento em antipó em Curitiba está deteriorada. A parte executada da década de 1970 pra cá está com a vida útil vencida, deteriorada pelo tráfego que foi aumentando e o pavimento precisa ser gradualmente trocado”, avalia o assessor técnico da Secretaria do Governo Municipal (responsável pela manutenção viária), Luciano Canto. “A dificuldade maior é conseguir recursos externos para que o pavimento antigo e deteriorado seja refeito e não somente efetuada a operação de tapa-buracos. Com os recursos disponíveis, a dificuldade é manter o pavimento existente em boas condições de tráfego”, explica. Há 4,6 mil quilômetros de ruas pavimentadas na capital, mas 1,5 mil quilômetros ainda possuem antipó.
O município utiliza diferentes materiais para o trabalho no asfalto na capital. Onde não está instalada a pavimentação definitiva, a opção é o pavimento alternativo, além da reciclagem, em que o material frágil é substituído instantaneamente por elementos de melhor qualidade. A prefeitura possui duas máquinas para a reciclagem, e o serviço custa R$ 600 mil por quilômetro. Outra técnica é a fresa e recape, em que apenas uma camada do pavimento é retirada, mantendo a estrutura. “O pavimento é projetado para durar dez anos, mas se realizarmos uma intervenção em cinco anos aumentamos a sobrevida, volta a vida útil”, afirma Padovani. Ele revela que está em estudo o uso de um software específico para análise da pavimentação na cidade.
Após a prioridade para as obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo em Curitiba, a administração municipal encaminha agora novos projetos na cidade. De acordo com o diretor de pavimentação da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Mário Padovani, devem iniciar em breve obras pelo trajeto do Ligeirinho Inter 2, além de construção de trincheiras, recuperação de trechos da Linha Verde e intervenções em mais de 20 ruas.