O Paraná ocupa posição de destaque no Mapa da Violência contra a Mulher 2012, do Instituto Sangari e do Ministério da Justiça. É o terceiro no ranking dos estados com maior número de homicídios de mulheres (6,3 mil a cada cem mil habitantes) e abriga 10 dos 100 municípios mais violentos do País em relação a assassinatos femininos. Destes, sete são da Grande Curitiba. Piraquara aparece como a segunda pior cidade brasileira no quesito, com taxa de 24,4 mil mortes violentas de mulheres/cem mil habitantes.
Para apurar detalhes do problema, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Mulher esteve nos últimos dois dias na cidade. Além de se reunir com o governador em exercício, Flávio Arns, que reconheceu a necessidade de reduzir essas taxas, a comissão promoveu audiência pública, ontem, no plenarinho da Assembleia Legislativa.
Pouco investimento
O secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, foi questionado sobre esses dados e a ausência de estatísticas referentes às tentativas de homicídios. “É importante verificar que o número de homicídios cresceu como um todo. Está muito ruim para homens e mulheres”, rebateu. Ele também citou dados sobre o baixo investimento que a segurança no Estado recebeu na última década. “Se pegarmos o PIB (Produto Interno Bruto) estadual, fomos o estado que menos investiu em segurança pública e isso se reflete nos números da violência aqui”.
Perguntas sem respostas
A presidente da comissão, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) e a relatora, a senadora Ana Rita (PT-ES), fizeram diversos questionamentos sobre a política de segurança no Paraná para o secretário. Mas uma pergunta que ficou sem resposta foi o fato das estatísticas paranaenses trazidas para a CPMI não apresentarem dados referentes às tentativas de homicídios. “Será que não há tentativa de homicídio contra a mulher no Paraná?”, ironizou Ana Rita. A comissão parte do princípio que os homicídios femininos são mortes anunciadas, onde falham os órgãos competentes a partir do momento em que a proteção não chega a tempo. Daí a importância do acompanhamento do número de tentativas.
O Espírito Santo é estado o mais violento para as mulheres, com taxa de 9,4 homicídios/cem mil habitantes, seguido por Alagoas (8,3 homicídios/cem mil habitantes). A CPMI foi instaurada em fevereiro e tem 180 dias para ser concluída. A comissão já visitou Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Alagoas. Na sexta será a vez de São Paulo.