Foto: Mariana Honesko/O Comércio

O Rio Iguaçu, na região de União da Vitória, apresenta uma cena desoladora para os moradores.

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O Paraná completa hoje 65 dias sem chuvas significativas, o que faz o Estado acarretar uma seca que promete se tornar histórica. Agravada pela falta de chuvas ainda no verão, a estiagem atual está secando rios, baixando drasticamente o nível da água nos reservatórios e deixando o agricultor e a população preocupados.

Segundo a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa), se o quadro climático continuar como está, podemos caminhar para a pior seca que o Paraná já viu desde 1930 – e as previsões apontam para que este temor se torne realidade. Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, só quando chegar a primavera o Estado poderá se recuperar, gradualmente, dos estragos causados pela estiagem. Enquanto isso, economizar água é a palavra de ordem.

Apenas o sudoeste viu quantidade razoável de chuva dentro dos últimos dois meses. Foi no início deste mês, na região do Médio Iguaçu. No entanto, ainda que um pouco mais volumosa, não foi muito funcional. "A água acumulou muito localmente, não sendo suficiente para aumentar o nível dos rios", ressalva o meteorologista do Simepar, Lizandro Jacobsen. As chuvas irregulares no oeste e sudoeste do Paraná têm sido a marca do outono. "O ano passado também foi seco, mas as chuvas ainda eram um pouco mais regulares. Este ano não. Chove um ou dois dias e, depois, passam-se trinta ou quarenta dias para chover de novo", afirma, citando prejuízos principalmente à agricultura, que exige regularidade. Nos Campos Gerais e no norte, o fenômeno é um pouco diferente. As frentes frias chegam e muitas vezes são percebidas apenas pela queda nas temperaturas. Dentro dos últimos oito anos – e no que se refere a este período do ano -, o Simepar nunca registrou tão pouca chuva. "O agravante principal é que o verão foi muito seco; por isso as conseqüências são maiores. Na maior parte das cidades as chuvas estão apenas entre 10% e 15% do normal para esta época do ano." E o inverno promete repetir o quadro antecipado pelo outono. A próxima frente fria, prevista para entrar amanhã no Estado, também deve ser irregular.

Há décadas

A Suderhsa aponta para um quadro ainda mais devastador: técnicos afirmam que, pelas observações, parece estar chegando o momento mais crítico para o Estado desde 1930 – uma vez que ainda espera-se pela época de mais seca, o mês de agosto. As equipes que vão a campo relatam nunca ter visto os rios do Paraná com vazão tão baixa. Em alguns lugares, balsas estão encalhadas e é possível passar de carro no leito dos rios.

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É o caso de rios importantes, como o Iguaçu, Piquiri, Ivaí, Tibagi e seus afluentes. As cidades de União da Vitória e Porto União, por exemplo, localizadas às margens do Iguaçu, sentem o drama. No meio rural, situação de emergência já foi decretada. Falta capim e água para o gado e a produção de leite sofre violenta queda. Em algumas propriedades, até água para beber está virando raridade. E agora, segundo o prefeito Hussein Bakri, a preocupação é com o abastecimento urbano: "Onde é captada a água o rio está com 1,33 metro; se baixar para 1,25 metro, vai faltar água na cidade", preocupa-se, com saudade dos velhos tempos, quando, ironicamente, a cidade era conhecida pelas cheias do Iguaçu: "Agora, atravessa-se o rio a pé."