A Prefeitura de Cascavel está planejando construir uma casa de passagem para abrigar os índios caingangues que freqüentemente estão na cidade para vender artesanato. Pela falta de um local para pernoitar e sem dinheiro para retornar às aldeias, muitos indígenas acabam dormindo nas ruas.
?Essa situação, que está ficando cada vez mais comum em diversas cidades, não representa um êxodo indígena, mas sim uma adaptação ao meio que lhes foi imposto.? A afirmação é do assessor para assuntos indígenas da Secretaria Especial para Assuntos Estratégicos do Paraná, Edívio Battistelli.
Segundo ele, é preciso que as cidades se preparem para a presença dos índios, que deverá aumentar cada vez mais. Hoje, no Estado, existem 27 locais com a presença dos índios, cuja etnia é formada por cerca de 14 mil pessoas. Esse número duplicou nos últimos dez anos, tendo como fatores que contribuíram para esse crescimento populacional os resgates de terras, vacinação e produção de alimentos.
O Paraná foi o primeiro Estado a definir cotas nas universidades para os índios, o que fará com que eles estejam cada vez mais presentes na sociedade. ?Por isso, é preciso que as cidades se preparem para a presença deles?, disse Battistelli. E essa preparação passa pela responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal, pois segundo o assessor, tanto a Constituição Federal como o Estatuto do Índio determinam que as três esferas são responsáveis pela proteção e assistência os indígenas. Assim com Cascavel, afirma Battistelli, outros municípios já estão despertando para a nova realidade.
Um exemplo é Curitiba, que repassou em comodato um terreno no bairro Tatuquara para alocar indígenas que viviam em uma área de invasão. Em Maringá também existe um espaço cultural onde os indígenas podem vender artesanato. ?Os únicos povos não inseridos na sociedade são os índios, e por isso eles estão buscando seu espaço. Isso é uma realidade?, finalizou.