Roger Meireles / A Gazeta do Iguaçu

Mesmo com a ação da polícia, sacoleira
não se abala e permanece na ponte.

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O clima na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, na manhã de ontem não foi nada amistoso. Conforme o prometido, sacoleiros que fazem a travessia entre Ciudad del Este e Foz do Iguaçu trazendo produtos paraguaios, fecharam a ponte por 45 minutos. Só era permitida a passagem de pedestres pela passarela.

Segundo informações dadas pela Polícia Federal, a paralisação começou com 30 pessoas no meio da ponte e mais 80 na saída do Brasil. Inicialmente, os policiais – 20 da PF e 40 da Polícia Rodoviária Federal (PRF) – tentaram dispersar os manifestantes, que carregavam faixas de protestos contra o presidente Luís Inácio Lula da Silva e contra a Receita Federal.

No entanto, os populares mostraram resistência, o que provocou um grande tumulto. Foi chamado reforço. Quando os policiais que estavam na ponte finalmente estavam convencendo os manifestantes a deixarem o local, os outros que chegavam foram alvos de pedras e soltaram bombas de gás lacrimogêneo.

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A assessoria da PF assegurou que ninguém saiu ferido na confusão, mas o repórter de televisão Fernando Parracho, que fazia a cobertura no local, foi atingido por estilhaços de bomba e feriu a orelha direita. Ninguém foi preso.

Segundo informou a Polícia Federal, os sacoleiros – que a PF julga como laranjas da rede de contrabando – prometem nova paralisação para amanhã, quando o movimento de turistas costuma aumentar.

Arrocho

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Os conflitos entre sacoleiros e policiais na fronteira entre Brasil e Paraguai tornaram-se freqüentes desde o início da Operação Cataratas, em 1.º de novembro do ano passado. Através desse movimento, a fiscalização da Receita Federal tornou-se mais rigorosa. Com a implantação da Operação Comboio em 16 de junho, de escala nacional contra o contrabando, o arrocho tornou-se ainda maior, o que revoltou os sacoleiros.

Com a efervescência fronteiriça, a Polícia Rodoviária Federal pediu aumento no quadro efetivo e a fiscalização outrora feita nos ônibus por amostragem, agora é feita em praticamente todos os veículos de grande porte que cruzam a fronteira.

Segundo dados da Receita Federal de Foz do Iguaçu, só no primeiro semestre deste ano foram apreendidos US$ 26.721.687,00 em mercadorias irregulares. Em junho, as apreensões somaram US$ 4.561.090,00. Um quarto desse valor é proveniente de produtos de informática e US$ 882.975,00 são referentes aos 441.488 pacotes de cigarros apreendidos. Na fiscalização, também foram retidos 4 kg de maconha, uma arma e 40 automóveis.