Abastecimento

Paralisação de caminhoneiros prejudica agricultura familiar

Um dos setores mais afetados pela paralisação dos motoristas de caminhão é o leiteiro. A situação é ainda pior quando se trata de agricultores familiares. O agricultor José Alceu Chiógna, do município de Sede Nova (RS), que vende aproximadamente 380 litros de leite por dia demonstra sua preocupação com o momento e aponta que há mais de três dias o leite não é coletado na propriedade.

 “Já perdi R$ 14 mil por falta de pagamento e agora, além de tudo, essa situação que nos obriga a jogar o leite fora. Não sabemos mais o que fazer”, desabafa o agricultor que investe no setor por 33 anos.

Outras cadeias produtivas que estão sendo prejudicadas é a das aves e suínos. A ração para os animais não está chegando nas propriedades dos agricultores familiares e os animais não estão sendo transportados para os frigoríficos, consequentemente não há animais abatidos e, os trabalhadores estão parados.

 A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (FETRAF-SUL/CUT) está acompanhando as mobilizações e aguarda posição do governo Federal sobre o assunto.

“Compreendemos a legitimidade do movimento dos caminhoneiros e estamos em conversação com parlamentares e outras organizações da agricultura familiar, como a Unicafes, para conseguir uma audiência com o governo Federal. Vamos cobrar uma solução para o problema imediatamente”, afirmou o coordenador geral da Federação, Rui Valença. O movimento organizado pelos motoristas de caminhão não tem previsão de término.

Em nota enviada à imprensa, o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) informou que não concorda que “a reinvindicação por melhores condições de trabalho seja feita sobrepondo-se às necessidades logísticas diárias de diversas atividades fundamentais para a economia do país”.

Vítimas

Segundo Ágide Meneguette, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), a mobilização dos caminhoneiros compromete a renda de muitos agricultores em todo o estado. Diariamente são produzidos e processados 12 milhões de litros de leite, por cerca de 115 mil produtores e 300 indústrias do Paraná.

São abatidos 5 milhões de frangos por dia, resultado do trabalho de 20 mil avicultores paranaenses. São mais de 30 mil suinocultores no estado e mais de 750 mil cabeças abatidas semanalmente em 55 frigoríficos. “Essas três cadeias processam milhares de toneladas de ração, baseadas na soja e no milho, num ciclo pré-determinado de prazos e consumo”, comentou.

Para Meneguette, os produtores rurais, assim como os caminhoneiros, “são vítimas desse cenário no país, não podem ser ainda penalizados por esse movimento cujo alvo não são eles”.

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