Paralisação ameaça atingir atendimento no HC

O atendimento no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi praticamente normal ontem, primeiro dia de greve dos funcionários contratados em regime estatutário. Apenas uma cirurgia precisou ser adiada, de um total de 45 agendadas. Dos 60 funcionários estatutários, 16 cruzaram os braços.

Segundo o diretor do corpo clínico do HC, Celso Araújo, a paralisação de ontem não afetou o atendimento, pois foram poucos os funcionários que aderiram à greve. Além disso, ele informou que em todos os setores também há funcionários celetistas, contratados pela Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar) e que não estão em greve. No total, são 2,1 mil contratos pelo regime estatutário e 1.329 celetistas.

Quanto à situação para hoje, porém, Araújo não tinha a mínima idéia. Ele disse que vão tentar manter o hospital em funcionamento enquanto não houver riscos para os pacientes. Caso isso ocorra, vão comunicar o Ministério Público: “Hoje há 420 pacientes internados e temos uma responsabilidade com eles”, justificou. Os serviços de urgência e emergência não foram afetados ontem, tampouco o ambulatório. Araújo espera que a greve não chegue a esses setores, já que no caso do ambulatório alguns exames estão marcados há seis meses, e muita gente vem do interior do Estado só para ser atendida.

Em uma das 13 unidades de internação, dos quatro enfermeiros estatutários, dois estavam em greve. Na área da segurança, dos 27 funcionários, 3 cruzaram os braços. No centro cirúrgico, 8 dos 13 funcionários não trabalharam, e uma cirurgia não pôde ser realizada. Das 18 pessoas que trabalham na lavanderia, 3 paralisaram as atividades.

Mas o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral (Sinditest), Moacir Freitas, avisa que a partir dos próximos dias só serão atendidos os pacientes já internados e casos emergenciais: “Estamos pedindo às prefeituras de municípios do interior do Estado e da Região Metropolitana de Curitiba que sejam criteriosas ao encaminharem pacientes ao HC, entendendo os motivos de nossa greve”, afirma o presidente do sindicato.

Segundo Freitas, a greve se deve ao não-cumprimento por parte do governo federal de um acordo que vem sendo negociado desde o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O presidente se comprometeu a fornecer, a partir do último mês de maio, um reajuste salarial de 9% a 32%, que iria incidir sobre os salários como forma de gratificação”, conta. “Ele não cumpriu com a palavra e a greve é a forma que encontramos para protestar e lutar por nossos direitos”.

Os índices de reajuste corresponderiam a um adicional de cerca de R$ 130 aos servidores de nível auxiliar, R$ 180 aos de nível médio e R$ 260 aos de nível superior. A categoria também luta pela criação de um Plano de Carreira. “Com o plano, a gratificação seria inserida definitivamente aos nossos salários”, explica Moacir.

Concurso

Outra reivindicação é a realização de concurso público: “Só no HC, para que o atendimento à população pudesse ser mais qualificado, seria necessária a contratação de no mínimo 700 novos funcionários”, argumenta. Por dia, o HC realiza cerca de 3,5 mil consultas.

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