As autoridades paraguaias anunciaram ontem que expulsarão cerca de dois mil brasileiros que trabalham em lojas de Ciudad del Este, no departamento (estado) de Alto Paraná, na fronteira entre os dois países.
O governador Gustavo Pedrozo, depois de se reunir em Assunção com o presidente Nicanor Duarte, anunciou: ?Começamos a verificar a documentação de cerca de dois mil cidadãos brasileiros que vivem no Estado do Paraná, mas que realizam atividades comerciais no Paraguai?. ?Comprovamos que (os brasileiros) possuem documentos que confirmam sua residência no Paraguai, mas, na realidade, atravessam a Ponte da Amizade sobre o Rio Paraguai e vão a suas casas em Foz do Iguaçu. É uma irregularidade grave e na próxima semana começarão a ser expulsos pela Direção de Migrações?, acrescentou Pedrozo.
O governador justificou a drástica medida como represália ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ?porque há duas semanas não permite que os turistas brasileiros retornem a seu País com mercadorias compradas nas lojas de Ciudad del Este?. ?Dezenas de agentes da Polícia Federal e mesmo do Exército estão perseguindo os turistas não apenas na cabeceira da Ponte da Amizade, mas também nas ruas de Foz do Iguaçu e até nos hotéis para apreender seus artigos?, queixou-se o governador.
Segundo ele, cerca de 50 lojas fecharam suas portas na cidade fronteiriça nos últimos dias por falta de clientes. O governo brasileiro limitou em US$ 150 o valor que cada turista pode adquirir por dia no Paraguai.
Por seu lado, o prefeito de Ciudad del Este, Ernesto Zacarías, acredita que ?aparentemente, o presidente Lula ordenou o fim do comércio em Ciudad del Este a pedido dos comerciantes de São Paulo?. ?A associação (paulista) crê que 4% dos produtos falsificados que são vendidos no Brasil foram adquiridos no Paraguai, mas e os outros 96%? Por que o presidente Lula não fecha a cidade de Santos ou Manaus, onde pulula a informalidade??, questiona o prefeito.
Ciudad del Este, fundada em 1958, é a segunda maior cidade do Paraguai. Segundo denúncias, nos últimos 20 anos se instalaram no local e em seu entorno fábricas clandestinas dedicadas à falsificação de produtos eletrônicos, perfumes, relógios, cigarros, bebidas alcóolicas e roupa, a maioria delas de propriedade de imigrantes sírio-libaneses e taiwaneses.