Parada da Diversidade no Paraná reuniu cerca de 25 mil participantes

Muita cor, música, alegria, fantasias e nada de preconceito. Este foi o cenário que tomou conta da Avenida Cândido de Abreu, na tarde e na noite de ontem. A 12.ª Parada da Diversidade no Paraná-Unidos pela Igualdade e pela Criminalização da Homofobia contou, segundo a Polícia Militar, com 25 mil participantes. Cinco trios elétricos partiram da Praça 19 de Dezembro para, junto com a população, dizer não ao preconceito. A caminhada começou com os participantes balançando bandeiras que diziam ?por um mundo sem racismo, machismo e homofobia?, ao som do Hino Nacional.

Chuniti Kawamura
Fantasia caprichada na avenida.

Motociclistas deram a largada e guiaram gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis (GLBTs) e simpatizantes pela avenida. Foram seguidos pela multidão, que cantou e dançou o tempo todo junto com os trios elétricos. No final da tarde, os participantes chegaram ao palco montado em frente ao Palácio Iguaçu, onde três bandas e oito DJs se apresentaram. As ?Top Drags? da noite de Curitiba, lideradas pela famosa Brigite Baulieu, também se apresentaram.

Fantasias

O bom humor e a criatividade tomaram conta da Parada da Diversidade. As drags se destacaram com fantasias incrementadas, outras com pouca roupa, e muito salto alto. A nudez também teve vez. Um ?anjo? de asas negras usando apenas tapa-sexo desfilou em cima de um trio elétrico. Os casais homossexuais não se intimidaram. Beijo na boca não faltou. E a festa ocorreu sem incidentes. Até o início da noite, a PM não havia registrado qualquer tipo de ocorrência.

Além da diversão, houve também orientação. A coordenação municipal da DST/Aids, da Prefeitura de Curitiba, e o Ministério da Saúde distribuíram folhetos explicativos e cerca de 30 mil preservativos.

Reações ainda surpreendem

Chuniti Kawamura
Denúncia de violência e discriminação.

O tema da Parada da Diversidade deste ano é para pressionar a tramitação no Senado Federal do projeto de lei que prevê a criminalização da homofobia. A senadora Fátima Cleide (PT-RO) é a relatora da medida na Comissão de Direitos Humanos do Senado e uma das principais aliadas da causa. ?Quando o projeto chegou ao Congresso (Nacional), me surpreendi com as reações. Não sabia que tinha tanta discriminação quanto à sexualidade?, afirmou ontem a senadora. O projeto encontrou resistência em alguns membros das bancadas evangélica e católica do Congresso.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, as entidades que representam esta população recebem denúncias de preconceito ou de violência diariamente. ?Temos 47 centros de referência para atendê-los e recebemos denúncias de demissão, pessoas expulsas da igreja, deserdadas, espancadas e com dificuldade para receber atendimento em hospitais e unidades de saúde?, contou.

Sem solução

No quesito violência, o Paraná tem os piores índices dos três estados do Sul. ?Dados da USP mostram que, entre 2003 e 2005, dos 26 assassinatos de homossexuais que aconteceram nos três estados, 13 formam no Paraná?, afirmou a diretora do Grupo Dignidade, que representa os GLBTs, Simone Valencio. O Grupo Dignidade acompanha os índices de violência contra homossexuais há 20 anos. E, segundo a entidade, dos 2.720 casos registrados, apenas cerca de 5% foram solucionados pela polícia.

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