O Secretário Nacional de Recursos Hídricos, João Bosco Senra, criticou o papel da Agência Nacional da Água (ANA), órgão que regula o setor. Segundo ele, “a agência reguladora não tem sentido, já que a água não tem preço”. “É diferente da telefonia, da energia elétrica. É como se de repente criasse uma agência reguladora do ar”, comparou, acrescentando que a água é um bem da natureza. Senra esteve ontem em Curitiba participando de palestra que integra as comemorações da Semana do Meio Ambiente.
De acordo com o secretário nacional, a ANA tem papel sobretudo executivo. “Uma das discussões é que ela venha a ser uma autarquia. Não temos interesse em criar um mercado das águas, como o petróleo ou a energia elétrica”, disse. O secretário também teceu duras críticas ao governo federal anterior, “que investiu pouco em recursos hídricos e tinha interesse na privatização do setor”.
Sobre os principais problemas que preocupam o setor, Senra citou a má qualidade -poluição por esgoto doméstico e por indústrias – e o aspecto da quantidade, com os sucessivos assoreamentos e queimadas. Senra falou ainda sobre a importância de repensar, em conjunto com o Ministério de Minas e Energia, um modelo energético que traga menos impactos ao meio ambiente.
Contra a privatização
Para o secretário estadual do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, a gestão das bacias hidrográficas é um dos assuntos mais polêmicos no momento. A idéia, afirmou, é derrubar a lei estadual 12.726/99 e outros decretos que prevêem uma espécie de privatização do sistema hídrico. Segundo ele, a questão mais polêmica diz respeito à Suderhsa, que teria sido “riscada do mapa.” “Pela lei, o controle das bacias seria delegado às Unidades Executivas de Bacias (UEB), de caráter privado. Isso é uma temeridade, porque parece bonito descentralizar, mas o Estado não estará presente nas decisões importantes”, falou.
Das 16 bacias hidrográficas do Estado, de acordo com Cheida, apenas a do Alto Iguaçu estaria em fase de ser controlada pela UEB. “Temos que romper contrato com a UEB para que a água continue sendo de gestão pública”, arrematou.
Vândalos atacam em Campo Largo
O sistema de abastecimento de água da Sanepar em Campo Largo vem se tornando um dos principais alvos de ações de vândalos. Na madrugada de ontem, foram furtados os cabos elétricos da estação elevatória de água, nas proximidades do Colégio Bom Jesus da Aldeia.
Sem a eletricidade, o abastecimento da região, que já estava a ponto de se tornar crítico pela falta de água, teve de ser interrompido. Os técnicos da empresa estão realizando o conserto, mas a normalização do abastecimento à população deveria acontecer somente depois das 19h.
A preocupação do gerente da Sanepar, Envar Salomão Júnior, é que esse tipo de problema venha a prejudicar o abastecimento de água aos moradores por períodos prolongados. “É necessário que a população esteja consciente, informando às autoridades policiais, para que ações desse tipo sejam coibidas”, alerta.