A população de Curitiba está correndo um risco maior do que imagina. O tempo seco somado às rajadas de vento, que provocam o atrito entre as nuvens, traz uma maior incidência de raios. Apesar de os pára-raios não serem 100% eficazes, eles teriam uma utilidade muito maior na proteção dos cidadãos caso estivessem corretamente instalados e com a manutenção em dia.
A questão é que na capital paranaense a situação dos equipamentos inspira cuidados.
"Há equipamentos instalados de forma inadequada, que não sofrem manutenção ou ainda que são submetidos a uma vistoria inadequada", diz o coordenador da Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis da Prefeitura Municipal de Curitiba (Cosedi), Hermes Peyerl. Segundo ele, todos os equipamentos têm que seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). "Há pessoas que acham que uma vez instalados, os pára-raios duram para toda a vida. Só que uma descarga simples já pode danificar o sistema. É necessária constante fiscalização", alerta.
Mais grave ainda está a situação de edificações que ainda contam com pára-raios radioativos, proibidos desde 1992. "Eles teriam que já ter sido substituídos, porque além de não protegerem em caso de falta de manutenção podem ainda causar acidentes radioativos, piorando ainda mais a situação", afirma.
Segundo Peyerl, o cuidado com os pára-raios é função dos síndicos, que pelo novo Código Civil podem responder civil e criminalmente em caso de acidentes. "Eles têm que pedir laudos de empresas sérias, que sigam a norma da ABNT e que mandem um engenheiro fazer a vistoria. Só assim a segurança estará garantida". Pela lei, qualquer construção com mais de dois pavimentos ou que tenha ao menos um trabalhador no local precisam ter o equipamento.
Incidência
Em 1752, Benjamin Franklin criou o pára-raios, que é um sistema que "canaliza" os raios, conduzindo-os diretamente ao solo. "Mesmo que não exista conhecimento pleno de como é o processo de polarização das partículas elétricas que geram este fenômeno eletrostático, o uso dos pára-raios reduz consideravelmente as chances de acidentes. É como criar um caminho para toda a carga elétrica", diz o professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), João Ângelo Tosin.
Mesmo com o uso de pára-raios, Tosin afirma que muitas vezes, mesmo com toda precaução, acidentes fatais podem ocorrer. "Cair um raio em alguém é como ganhar na loteria. As chances não são grandes, mas existem. E ao contrário do que diz o ditado, um raio pode sim cair duas vezes no mesmo lugar".