O presidente da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), Volnei Garrafa, criticou ontem em Curitiba os dois encontros que vão ocorrer na América Latina para discutir a ética em relação a pesquisas envolvendo seres humanos. Para ele, os simpósios vão servir apenas para facilitar a busca por pessoas dispostas a participar de pesquisas nesses países.
Volnei diz que nenhum brasileiro foi convidado como palestrante para os simpósios que acontecem na próxima semana na Argentina e em outubro em Santiago, no Chile. Mesmo o País sendo um dos mais avançados do continente no assunto, com mais de 400 comissões de bioética, os palestrantes são norte-americanos, com poucas exceções. “Eles não querem trocar experiências, querem fazer um adestramento”, diz.
O presidente da SBB explica que o objetivo deles seria conseguir uma flexibilização nos parâmetros que regulamentam as pesquisas, diminuindo o período e os procedimentos entre o início dos estudos e a distribuição dos medicamentos nos mercados. “A medida ia aumentar os lucros”, diz. Segundo Garrafa, eles querem, por exemplo, que a técnica de pesquisa com o placebo (substância inócua dada a um grupo de pacientes para comparar os resultados com o grupo que realmente usou o remédio) seja adotada em qualquer tipo de pesquisa. Garrafa comenta ainda que nesta área o Brasil é uma pedra no sapato dos grandes laboratórios, já que não admite pesquisas que não vão ser ou não foram realizadas nos países de origem.
O professor participou ontem de um simpósio da Universidade Católica do Paraná sobre os Caminhos e Tendências da Bioética.