As cidades de Curitiba e Maringá integram a série “Conjuntura Urbana”, disponibilizada em onze volumes pelo grupo de pesquisas Observatório das Metrópoles e que fala sobre as desigualdades sociais e urbanas de diversas regiões metropolitanas brasileiras.
O trabalho compõe o projeto “Como Andam as Regiões Metropolitanas”, editado originalmente na Coleção de Estudos e Pesquisas do Programa Nacional de Capacitação das Cidades, do Ministério das Cidades. E os panoramas são bem antagônicos: enquanto Maringá registra um crescimento controlado e sem favelas, Curitiba tem como ponto negativo marcante a desigualdade social.
“A série atende à uma demanda do Ministério das Cidades em saber como anda o processo de metropolização brasileiro. Durante o ano de 2006, doze regiões brasileiras que competem ao Observatório das Metrópoles (Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Maringá, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) foram analisadas”, diz a coordenadora do Núcleo do Observatório de Maringá, Ana Lúcia Rodrigues.
Crescimento ordenado
A Região Metropolitana de Maringá foi oficialmente constituída no ano de 1998, tendo então oito municípios. Hoje, é formada por treze, com população total de 570.671 habitantes (sendo 325.968 na própria Maringá). “Na região de Maringá, o crescimento urbano é controlado. Ao contrário do que acontece em Curitiba, não há favelas. Existe um processo de afastamento das baixas rendas.”
O preço da compra e do aluguel de imóveis é muito alto em Maringá, o que, desde meados da década de setenta, torna a cidade inacessível a pessoas de menor poder aquisitivo. Essas acabam se concentrando nos municípios vizinhos. “Maringá concentra as vagas de trabalho, mas não dá condições para que os trabalhadores morem nela. Cinqüenta por cento das pessoas que trabalham na cidade pólo moram nos demais municípios que compõem a região metropolitana”, comenta Ana Lúcia.
“Por um lado, isso faz com que Maringá tenha um paisagismo bonito, um PIB mais alto e menores índices de violência. Por outro, afasta muitas pessoas que gostariam de habitá-la e tem como desafio promover a mobilidade da população.”
A alta qualidade de vida em Maringá contrasta com a total falta de infraestrutura existente em determinados locais dos demais municípios que compõem a região. Neles, se concentram, por exemplo, os mais baixos índices de escolaridade: entre a população com mais de 17 anos de idade, 28% é analfabeta funcional.
Segundo a coordenadora, a exemplo do que acontece em muitos locais do País, a maioria dos municípios da região de Maringá têm pouca integração com a cidade pólo. Isso faz com que a Região Metropolitana de Maringá exista mais no papel. “Muitos municípios entraram na região metropolitana apenas por questões políticas.” Apenas os municípios de Sarandi e Paiçandu são considerados de alto nível de integração. (CV)
Um desafio social
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Capital: crescer sem impactar o meio ambiente. |
A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foi criada em 1973, no corpo da Lei 14/73. Atualmente, agrega 26 municípios e cerca de 3,1 milhões de moradores. Assim como acontece em Maringá, nem todos os municípios têm grandes níveis de integração. Dos 26, quatorze têm até médio nível de integração.
Segundo as coordenadoras do trabalho em Curitiba, Rosa Moura e Marley Deschamps, respectivamente geógrafa e demógrafa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), em breve, a região pode s,er composta por 27 municípios, pois a cidade de Piên aguarda sanção do governador Roberto Requião para inclusão.
A grande desigualdade social é considerada a característica mais negativa da Região Metropolitana de Curitiba. De acordo com Rosa e Marley, nos 26 municípios existe muita desigualdade espacial e ambiental. As pessoas com menor poder aquisitivo costumam ser as mais afetadas por fatores ambientais que geram danos – como chuvas fortes que causam alagamentos, por exemplo – e os moradores da periferia são os que mais sofrem devido à falta de saneamento básico.
Já como bastante positivo, as coordenadoras citam o fato de os municípios da região metropolitana da capital conduzirem, em grande parte, a economia paranaense. No que diz respeito ao movimento pendular (quando as pessoas saem dos municípios onde moram e vão trabalhar em outro), ele acontece tanto de Curitiba para outros municípios quanto de outros municípios para Curitiba.
“De Curitiba para os outros municípios da região, se deslocam para trabalhar pessoas com alto índice de qualificação profissional. Já quem sai de outros municípios para trabalhar em Curitiba geralmente são pessoas que atuam no comércio ou desenvolvem serviços domésticos.” (CV)