Após um período de relativa paz no espaço aéreo, vôos voltaram a ser atrasados e cancelados, especialmente nos aeroportos do Sul e Sudeste do Brasil, desde a noite de sexta-feira. Segundo informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), duas panes na freqüência de rádio do sistema de comunicação do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Espaço Aéreo (Cindacta 2), em Curitiba, provocaram a parada temporária no trânsito de aeronaves. A primeira falha aconteceu às 14h de sexta-feira e o sistema foi restabelecido depois de 25 minutos. Mas às 18h, uma nova pane travou a freqüência de comunicação até 20h, o que fez a Anac determinar o prolongamento do horário de funcionamento dos aeroportos. Somente na sexta, duas decolagens e uma chegada foram canceladas e 20 vôos tiveram atraso de mais de uma hora. Um deles, da Ocean Air, atrasou por quase seis horas.
Porém, o horário estendido de funcionamento dos terminais aéreos não foi suficiente para evitar o revés de muitos passageiros. Ontem cedo, no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, o representante comercial Jurandir Souza aguardava, ainda sem previsão, o vôo que finalmente o levaria de volta a Londrina. O vôo de Jurandir era para ter saído às 23h25 de sexta, mas ele e os demais passageiros souberam do cancelamento às 2h30 da madrugada. A justificativa da Gol foi de que o cancelamento aconteceu por causa da pane de comunicação. ?Independentemente da causa do cancelamento, que na minha opinião também pode ter sido mais um protesto dos controladores de vôo, é uma falta de respeito. Poderiam ter nos encaixado no vôo para Maringá em vez de nos mandarem para um hotel. Agora estou aqui, sem saber quando chegarei em casa?, desabafou.
Mais indignados ainda estavam os passageiros do vôo 3331, da TAM, também com destino a Londrina, na noite de sexta-feira. Na manhã de ontem, na sala da Anac, eles registravam queixa alegando descaso da companhia. ?O avião que nos levaria desceu às 17h30 no pátio e tínhamos que embarcar às 18h. Nos seguraram até 19h, alegando problema no radar e quando fomos nos informar, o vôo havia partido direto para São Paulo, o destino final?, explicou o juiz do trabalho Júlio Amaral. Conhecedor das leis, ele achou no mínimo estranha a justificativa para tal manobra da companhia aérea. ?Eles disseram que o piloto e a tripulação não poderiam fazer hora extra. Por isso, cortaram a escala, que era o destino de 108 passageiros?, afirmou. A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa da TAM, porém não foi atendida.
Apreensão
Mesmo quem chegou pela manhã no aeroporto mostrava apreensão, temendo que o problema registrado na sexta-feira continuasse causando reflexo nas escalas. Até as 11h de ontem, o monitor do terminal já mostrava cinco vôos com previsão de atraso. Um deles era o da passageira Adriana Pazin, que com a filha no colo vivia a expectativa de saber a hora em que embarcaria. ?Ainda não há previsão. O que me preocupa é o horário da minha filha comer. Com criança, fica mais complicado lidar com atrasos?, diz.
Para Odirlei Haveroth, acompanhado da esposa Grace, o temor era não conseguir chegar a tempo em São Paulo, onde eles pegariam um vôo para Lisboa, em Portugal, às 19h10. ?Como não é conexão, se não chegarmos a tempo em São Paulo, perdemos o dinheiro. Por precaução, marcamos o vôo para São Paulo para a hora do almoço. Mas há previsão de atraso?, disse.